O alerta emitido às 10:00 locais (menos duas horas em Lisboa) de hoje pelo INAM é válido até às 24:00 do dia 24 de novembro e identifica como "áreas de risco" sete distritos da província de Maputo, além da cidade capital e da Matola, 13 distritos de Gaza, além da cidade de Xai-Xai, e três distritos de Inhambane.

"O INAM prevê a continuação de ocorrência de vaga de calor, caracterizada por tempo quente a muito quente e húmido", refere o aviso daquela instituição, acrescentando a possibilidade de ocorrência de trovoadas e a perspetiva de temperaturas máximas "que poderão variar de 35 a 38 graus".

"Adicionalmente, a zona centro do país continua com tempo quente localmente muito quente, propiciando assim a ocorrência de ventos fortes, aguaceiros, trovoadas e queda de granizo ao longo do vale do Zambeze", acrescenta o aviso.

O INAM admite que esta vaga de calor pode provocar "desconforto", recomendando à população a adoção de "medidas de precaução e segurança".

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, apelou no final de setembro à preparação da população e das entidades para os previvíeis efeitos do fenómeno 'El Ninõ' no país nos próximos meses, com previsões de chuvas acima do normal e focos de seca.

"A história repete-se. Então, temos de criar condições de resiliência. Nesse sentido, o Governo emitirá avisos regulares para manter a população informada e preparada para as condições climáticas que podem não ser favoráveis à vida, à produção ou às infraestruturas", descreveu o chefe de Estado,.

Filipe Nyusi avançou que as previsões atuais "indicam" que o país vai voltar a "registar o fenómeno 'El Ninõ'", que "pode trazer chuvas normais com tendência para acima do normal no centro e norte do país, e chuvas normais com tendência para abaixo do normal, que podem originar alguns focos de seca, na região sul".

"Isso exige que sejamos todos cautelosos e estejamos preparados para enfrentar este desafio causado pelas mudanças climáticas. Organizemo-nos. Chamo atenção para que poupemos e reservemos água para o consumo e para o nosso gado", alertou ainda.

"Este é um apelo que faço para todo o país. Portanto, estejamos atentos e sigamos as orientações para mitigar o impacto, evitando ou minimizando os danos e perdas, incluindo de vidas humanas, por um lado, por outro, que façamos uma gestão adequada e responsável de água, especialmente em momentos de escassez", acrescentou, na mesma mensagem.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.

Já no primeiro trimestre deste ano, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afetaram no país mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula, segundo dados oficiais do Governo.

PVJ // ANP

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