"Falo todos os dias com empresários, sindicalistas e todas essas pessoas o que esperam dos grandes partidos políticos é que estejam à altura das suas responsabilidades. Estou convencido que o PSD saberá sempre estar altura das suas responsabilidades e que Portugal precisa de um PSD forte", defendeu, apelando à colaboração dos sociais-democratas em matérias como a saúde, educação, combate à pobreza, reforma fiscal ou imigração.

O presidente do Conselho Económico e Social (CES) foi hoje o orador convidado do jantar-conferência das jornadas parlamentares do PSD e alertou para "o grande risco de os democratas derrotarem a democracia, se não forem capaz de entender que há determinados princípios constitucionais que os unem e determinados distanciamentos que são negativos".

"Passamos a vida a salientar o risco de sermos derrotamos pelos extremistas contrários à democracia. Estou convencido que não há nenhum risco de os antidemocratas derrotarem a democracia", disse.

Francisco Assis recordou várias disputas que travou com a bancada do PSD quando era deputado e líder parlamentar do PS, e deixou um compromisso quanto ao seu futuro político.

"Sendo certo que é de excluir que as volte a travar aqui no parlamento -- porque não tenciono regressar -- não é de excluir que algum dia possa ter de travar de novo algum combate político com o PSD, não é de excluir que nos voltemos a encontrar como adversários. Mas há uma coisa que nunca sou, nunca fui, nem nunca serei que é inimigo do PSD", disse, apontando este partido, tal como o CDS-PP, como "estruturante da vida democrática".

Assis avisou que não falaria do Orçamento do Estado, o tema central das jornadas do PSD, mas deixou críticas em várias áreas da governação, e acabou mesmo por comentar a redução do IRS prevista na proposta orçamental do Governo e pretendida também pelos sociais-democratas.

"Os dois grandes partidos políticos, mesmo não se entendendo, acabaram por se entenderem", concluiu.

Várias vezes aplaudido pelos deputados sociais-democratas, Assis defendeu -- tal como o presidente do PSD, Luís Montenegro, já fez publicamente -- um debate sobre reformas fiscais, mas separado do momento orçamental, que considera "inquinar e prejudicar" a discussão.

O presidente do CES apelou, por outro lado, a que também se desliguem do momento orçamental os grandes acordos na concertação social -- sem dizer que tal aconteceu no atual e anterior Orçamento -, pedindo mudanças nesta área.

Assis defendeu ainda que temas como a produtividade, o crescimento económico ou o combate à pobreza sejam discutidos "sem dogmatismo" e admitiu que, "em termos relativos, há um ligeiro empobrecimento em alguns setores da sociedade portuguesa".

"Não pode haver trabalhadores pobres, um trabalhador pobre é um revoltado", disse, frisando que "a sensibilidade social não é património exclusivo" do espaço socialista.

O antigo dirigente socialista pediu também reformas no Estado social, admitindo que na saúde os problemas não são "de dinheiro, mas de gestão e organização" -- "o país precisa do PSD a participar ativamente nesse debate" -- e avisou que, se neste setor os efeitos trágicos se notam "no próprio dia", na educação "notam-se passados 10 ou 15 anos".

O presidente do PSD, Luís Montenegro, que encerrará na terça-feira as jornadas pela hora de almoço, esteve hoje presente no jantar que fechou os trabalhos do primeiro dia de encontro do grupo parlamentar, que decorre na Assembleia da República

Da direção, marcaram ainda presença os vice-presidentes Paulo Rangel e Margarida Balseiro Lopes e o secretário-geral Hugo Soares.

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