Nomeada por resolução do Conselho de Ministros, Rezola ocupa assim o lugar deixado vago por Pedro Adão e Silva, entretanto indicado para o cargo de ministro da Cultura.

Maria Inácia Rezola, de 55 anos, é uma investigadora do Instituto de História Contemporânea da Nova e professora da Escola Superior de Comunicação Social.

Nascida em Leiria, em 1967, Maria Inácia Rezola y Palacios Clemente é licenciada, mestre e doutorada em História, na especialidade de História Institucional e Política Contemporânea, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, com uma tese intitulada “Os Militares na Revolução de Abril. O Conselho da Revolução e a Transição para a Democracia em Portugal” (2004).

Entre a sua obra historiográfica estão obras com Melo Antunes, uma biografia politica, 25 de Abril – Mitos de uma Revolução, Os Militares na Revolução de Abril e O Conselho da Revolução e a Transição para a Democracia em Portugal.

A estrutura de missão encarregada de organizar as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que se assinala em 2024, foi criada em maio de 2021 pelo Governo, que na altura nomeou o professor universitário Pedro Adão e Silva como comissário executivo.

Esta escolha foi criticada pelo presidente do PSD, Rui Rio, que considerou tratar-se de uma “compensação” pelos comentários feitos nos media, e pediu explicações ao Governo.

Em reposta à declaração do líder do PSD, o primeiro-ministro, António Costa, considerou-a “insultuosa”, enquanto Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que a escolha de Pedro Adão e Silva teve o seu aval, considerando-o "muito consensual".

Entretanto, Pedro Adão e Silva transitou para o XXIII Governo Constitucional, o terceiro chefiado por António Costa, que tomou posse a 30 de março deste ano, para ocupar o cargo de ministro da Cultura, ficando com a tutela da Estrutura de Missão.

Maria Inácia Rezola sucede-lhe, a partir de hoje, no cargo, trazendo consigo experiência, desde 1997, como docente da Escola Superior de Comunicação Social do Instituto Politécnico de Lisboa, onde coordena a secção de Ciências Humanas e a comissão editorial da revista Comunicação Pública.

Enquanto investigadora, tem dirigido e integrado equipas de trabalho em colaboração com diferentes instituições. Comissariou as exposições “’Todos às Urnas’ – As eleições para a Assembleia Constituinte de 25 de Abril de 1975” (Assembleia da República, 2015), “Revolução e Democracia – do 25 de Abril ao 25 de Novembro” (Câmara Municipal de Lisboa, 2015) e “A Prova do Tempo” (Assembleia da República, 2016).

Foi coordenadora dos grupos de investigação “História Política Comparada - Regimes, Transições, Colonialismo e Memória” (2016-2019) e “Revolução e Democracia” (2008-2012) do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, de que é investigadora desde 1995 e de cuja direção fez parte em dois períodos (2005-2011 e 2016-2021).

No ano passado, por ocasião da comemoração da revolução, o primeiro-ministro anunciou que tinha acertado com o Presidente da República que as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril começariam no dia 24 de março de 2022, quando a democracia ultrapassasse em um dia a duração da ditadura.

A estrutura de missão entretanto criada é composta por um Conselho Geral, nomeado pelo primeiro-ministro, e contará com “a presença de individualidades de reconhecido mérito e ativismo em dimensões fulcrais na construção da democracia”, para além de uma Comissão Executiva que “é responsável pela elaboração do programa oficial das comemorações, bem como pela sua concretização”.

A par da estrutura de missão vai funcionar, junto da Presidência da República, uma Comissão Nacional, que terá a responsabilidade de “aprovar o programa oficial das comemorações e os relatórios de atividades”.

O objetivo destas comemorações, de acordo com o Governo, “é perpetuar, regenerar e alargar o vínculo com o regime democrático, celebrando o arco democrático que se iniciou no 25 de abril de 1974 e que se desenvolveu ao longo de 1976 com a aprovação da Constituição, as primeiras eleições legislativas presidenciais e regionais e que culminou com as autárquicas no final desse mesmo ano”.