A decisão foi tomada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública no Brasil e publicada na terça-feira no Diário Oficial da União, e surgiu em resposta a um pedido do governo regional, que pediu a continuidade dos militares por mais 60 dias, um prazo que será contado a partir de 27 de fevereiro.

De acordo com o texto publicado, a presença das tropas deve-se ao "quadro atual de instabilidade na segurança pública de Roraima, em virtude da crise migratória e no sistema prisional".

O estado de Roraima, um dos mais pobres do país, tem sido a porta de entrada nos últimos anos de milhares de venezuelanos que fogem da crise política, económica e social do país.

Segundo dados oficiais, a partir de 2017 entraram no Brasil mais de 150 mil venezuelanos por Pacaraima, no extremo norte de Roraima, embora mais da metade, cerca de 80 mil, já deixaram o país.

Em Roraima vai ser instalado um centro de apoio para garantir a ajuda humanitária solicitada pela Assembleia Nacional da Venezuela.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder deste órgão, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já 40 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.

Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.