“Acredito que o celibato” dos sacerdotes “tem um grande significado” e é “indispensável para que o nosso caminho na direção de Deus permaneça o fundamento da nossa vida”, defende Bento XVI num livro escrito a quatro mãos com o cardeal Robert Sarah, que será editado na próxima semana e do qual o jornal francês Le Figaro publicou hoje um excerto.

Em outubro do ano passado, bispos católicos pediram a ordenação de homens casados como sacerdotes, uma solução para enfrentar a escassez de clérigos na Amazónia, uma proposta histórica que pode pôr fim a séculos de tradição católica romana.

A maioria dos 180 bispos de nove países da Amazónia pediu também ao Vaticano para reabrir um debate sobre a ordenação de mulheres como diáconos, sustentando que “é urgente que a Igreja promova e confira na Amazónia ministérios para homens e mulheres de maneira equitativa”, de acordo com o documento final, citado na altura pela agência Associated Press.

As propostas foram inscritas no documento aprovado no final de um sínodo de três semanas sobre a Amazónia, que o papa Francisco convocou em 2017 com o objetivo de chamar a atenção para as ameaças à floresta tropical, mas também de melhorar o sacerdócio junto dos povos indígenas.

O papa Francisco deverá tomar uma decisão em relação a este assunto nas próximas semanas.

A Igreja Católica, que abarca quase duas dezenas de ritos diferentes, permite já sacerdotes casados nas igrejas de rito oriental e em casos em que os sacerdotes anglicanos previamente casados se convertem à Igreja. Se Francisco aceitar a proposta do sínodo, porém, será o início de uma nova era para a Igreja Católica de rito latino após mais de um milénio.

No livro, Bento XVI e Robert Sarah defendem que “é urgente, necessário, que todos, bispos, sacerdotes e leigos, redescubram um olhar de fé na Igreja e no celibato sacerdotal que protege o seu mistério”. Além disso, citando Santo Agostinho, ambos afirmam: “Silere non possum! Não posso ficar calado!”.