Eu tenho 53 anos, não estou totalmente apanhada da cabeça, sou funcional, juro que sou. Portanto, a tal assistente pede o nome, pede o NIF, o tipo de exame ou consulta que desejo marcar. Tenho aqui algumas dúvidas, talvez a especialidade não seja essa, enfim, OK, avancemos para essa consulta, que depois logo se resolve. 

A assistente digital, num tom doce, diz que está tudo confirmado e que vou receber um SMS. O SMS diz que a consulta é às oito da noite. A assistente digital tinha dito 21:00, eu moro fora da cidade, as horas importam, quando temos de passar a ponte. Fico na dúvida e, pelo meio da hesitação, recorro a um discurso mais humano: Ah, desculpe, mas tinha dito 21 horas e o SMS diz 20

A assistente virtual entupiu. Coitada. Talvez tenha sido a minha interjeição ou pedido de desculpa. O certo é que a coisa não se deu e lá apareceu um ser humano do outro lado da linha. Não tinha como me dizer se eu fazia bem em escolher esta especialidade em detrimento de outra, mas garantiu que era às 20:00. 

E eu, a ser pessoa outra vez: Ah, tem a certeza? Porque a Inteligência Artificial… Tenho a certeza, garante a senhora do outro lado da linha. Agradeci e desliguei, mas continuo com este problema: preciso de seres humanos. Preciso muito.