"Esperamos contar com o apoio do povo. Se não houver apoio popular, não vale a pena participar nas eleições", disse hoje à agência noticiosa espanhola EFE um porta-voz do Yabloko.

Várias iniciativas populares, com as quais o partido diz não ter nada a ver, começaram a recolher assinaturas para que o líder histórico do partido, Grigory Yavlinsky, se candidate à presidência.

Yavlinski, que nos últimos meses tem apelado ativamente ao cessar-fogo na Ucrânia, defende que tais iniciativas devem atingir pelo menos dez milhões de assinaturas.

"Este apoio deve surgir antes do início da campanha eleitoral", disse a fonte.

Se o apoio não for na ordem dos dez milhões, o político da oposição não concorrerá às eleições, nas quais o Kremlin espera que Putin obtenha mais de 80% dos votos.

"Se se apresentar como candidato com uma posição pacifista e receber poucos votos em março próximo, isso seria um grande revés para as pessoas que se opõem à guerra", sublinhou o porta-voz.

O Yabloko vai esperar até meados de dezembro, altura em que o Senado deverá aprovar oficialmente a data das eleições presidenciais e Putin anunciará os seus planos, para tomar uma decisão.

A candidatura deverá ser confirmada no congresso federal do partido, que elegerá os seus novos dirigentes em 09 e 10 de dezembro.

Há um mês, Yavlinski, de 71 anos, encontrou-se com Putin, a quem pediu que aceitasse um acordo de cessar-fogo na Ucrânia.

Yavlinski, nascido no país vizinho, considera que "é necessário iniciar negociações sobre o cessar das hostilidades o mais rapidamente possível", salientando estar disposto a participar pessoalmente nas conversações, referiu o Yabloko na altura.

Conhecido pelas suas posições pacifistas desde a Primeira Guerra da Chechénia (1994-96), o Yabloko nunca apoiou a anexação da península ucraniana da Crimeia em 2014 e o mesmo aconteceu com a anexação, em setembro de 2022, de quatro outras regiões ucranianas (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporiyia).

"Pela paz e pela liberdade!" foi o 'slogan' com que a formação liberal participou nas eleições municipais de setembro, nas quais se recusou a fazer campanha nos "novos territórios".

Yavlinsky, que está em desacordo com o líder da oposição preso Alexei Navalny, é claramente o candidato da oposição com maior probabilidade de ser registado pela Comissão Eleitoral Central.

O líder liberal foi o terceiro candidato da oposição mais apoiado numa sondagem elaborada pela organização liderada por Navalny, a Fundação Russa Anticorrupção (ACF), sobre os que estão entre os mais críticos do Kremlin, depois do antigo presidente da câmara de Ekaterinburgo, Yevgeny Roizman, e do editor da "Novaya Gazeta", Dmitry Muratov.

Nas eleições presidenciais de 2000, foi também o terceiro candidato mais votado, com 4,3 milhões de votos, muito longe dos quase 40 milhões de Putin.

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