"A Turquia está a fazer o possível para terminar com o conflito o mais rapidamente possvíel e reduzir as tensões após os últimos acontecimentos", afirmou Erdogan no decurso da inauguração de uma igreja ortodoxa siríaca em Istambul.

"Estamos prontos para intensificar as iniciativas diplomáticas que pusemos em ação para recuperar a tranquilidade. Convidamos todos os atores envolvidos na região a contribuir sinceramente para a paz", acrescentou, citado pela agencia noticiosa oficial Anatolia.

Numa referência às raízes históricas do conflito, o chefe de Estado turco -- que no sábado foi reeleito para a liderança do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, islamista conservador e no poder em Ancara) -- considerou que "não se pode adiar mais" a criação de um Estado palestiniano independente com capital em Jerusalém e assegurou que a paz em todo o Médio Oriente depende da solução do conflito entre Israel e a Palestina.

"Uma paz duradoura no Médio Oriente apenas é possível através de uma solução definitiva do conflito israelo-palestiniano. Nesta questão, como sempre afirmámos, é extremamente importante preservar a perspetiva da solução de dois Estados", declarou no decurso da inauguração da igreja da minoria religiosa.

No sábado, Erdogan pediu "moderação" e todos os envolvidos no conflito desencadeado pelo ataque do grupo islamista palestiniano Hamas a Israel, com um balanço de centenas de mortos.

O Presidente turco reiterou que o conflito palestiniano constitui o cerne da de todos os problemas na região e advertiu que na ausência de uma solução equilibrada a região permanecerá "distante da paz".

Neste sentido, defendeu a integridade da Esplanada nas Mesquitas, o terceiro lugar mais sagrado para os muçulmanos e situada no centro de Jerusalém, frisando que "a Turquia continuará a opor-se a qualquer tentativa contra a mesquita da Al-Aqsa".

Apesar de Erdogan ter manifestado solidariedade com os "irmãos e irmãs palestinianos", também disse que ser necessário evitar qualquer passo que conduza a mais derramamento de sangue.

A Turquia tem-se revelado um aliado histórico de Israel, apesar de as relações terem registado uma fase de rutura após a morte de 10 ativistas turcos no ataque israelita a embarcações que tentavam alcançar Gaza em 2010, mas em 2022 os dois países normalizaram as relações diplomáticas.

O Governo de Erdogan encetou por diversas vezes uma aproximação ao Hamas, mas na perspetiva de uma função mediadora face ao conflito palestiniano e afirmando o compromisso na solução de dois Estados, hoje reafirmado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros turco.

A igreja ortodoxa siríaca de Santo Efrém hoje inaugurada por Erdogan e situada no bairro de Yesilkoy, em Istambul, é a primeira igreja cristã construída em mais de um século na história da Turquia republicana.

O grupo islâmico Hamas lançou no sábado um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação "Tempestade al-Aqsa", com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.

Em resposta, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, numa operação que baptizou como "Espadas de Ferro".

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está "em guerra" com o Hamas, grupo considerado terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia.

O confronto armado prossegue hoje, com numerosos foguetes lançados a partir da Faixa de Gaza e bombardeamentos israelitas contra centenas de alvos do Hamas no enclave palestiniano.

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