O estabelecimento de posições ucranianas na margem do Dniepre controlada pelos russos e forças separatistas russófonas locais representa um pequeno mas potencial avanço estratégico num conflito que atualmente regista um impasse no terreno. O estado-maior das Forças Armadas ucranianas disse que as suas tropas repeliram 12 ataques do Exército russo entre sexta-feira e hoje.

Os ucranianos tentam agora "fazer recuar para o mais longe possível as unidades do Exército russo para tornar a vida mais fácil na margem [ocidental] da região de Kherson, para que seja menos flagelada pelos bombardeamentos", disse Natalia Humeniuk, porta-voz do comando operacional do sul da Ucrânia.

Em resposta, as forças militares russas utilizaram "aviação tática", incluindo 'drones' Shahed de origem iraniana, para tentar fazer recuar as tropas ucranianas, acrescentou.

O rio Dniepre constitui uma linha natural que se prolonga por toda a frente de batalha no sul do país. Na sequência da retirada russa da cidade de Kherson através do rio em 2022, as forças de Moscovo têm bombardeado com regularidade as regiões do lado ucraniano do rio, com o objetivo de impedir o avanço dos soldados de Kiev em direção à península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.

Os militares ucranianos também dizem que foram derrubados 29 dos 28 'drones' lançados contra as suas posições, apesar de ter sido atingida uma infraestrutura elétrica na região de Odessa (sul), com cortes de energia em 2.000 habitações.

Na capital, centenas de pessoas manifestaram-se contra a corrupção e pediram o aumento dos investimentos para as Forças Armadas. A manifestação foi o décimo protesto em Kiev das últimas semanas e quando também aumenta o descontentamento social, também relacionado com diversos projetos municipais.

Hoje, os manifestantes agitaram bandeiras ucranianas e ecoaram palavras de ordem como "Precisamos de 'drones' e não de estádios", indicou a agência noticiosa Associated Press (AP).

"Organizámos manifestações em mais de 100 cidades em protesto contra a corrupção na Ucrânia e para garantir mais dinheiro, que deve ir para o Exército", defendeu Maria Barbash, membro da organização Dinheiro para as Forças Armadas.

"A primeira prioridade no nosso orçamento -- orçamentos locais e orçamento central -- deve ser as Forças Armadas", acrescentou.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kiev e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.

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