"Há momentos de tensão, houve ontem um momento de tensão em Guimarães que poderia ter tido aqueles efeitos que não desejamos, consequências de acidentes físicos, de lesões. É uma eleição decisiva mas toda a gente tem que manter desde logo o sangue frio", apelou Rui Tavares, numa referência ao incidente na campanha do PS, no domingo, no qual um homem atirou um vaso de uma varanda contra o desfile socialista em Guimarães.

O dirigente falava aos jornalistas à margem de uma visita à cooperativa Artesanal Pesca, em Sesimbra, distrito de Setúbal, acompanhado pelo cabeça-de-lista, Paulo Muacho, círculo pelo qual o Livre almeja eleger e onde passará o nono dia de campanha.

Rui Tavares foi também questionado sobre um elemento do BE que disse nas redes sociais que se preparava para anular votos do Chega e da Aliança Democrática, uma "piada de mau gosto" já condenada pelo partido.

O cabeça-de-lista por Lisboa do Livre defendeu que se aproveite "o sentido de humor para coisas que não gerem mal entendidos e que não possam dar a entender que de alguma forma aquilo que é sacrossanto nas eleições, a fidedignidade dos votos, esteja em causa".

Tavares pediu "uma grande dose de sentido cívico e de responsabilidade" na utilização das redes sociais, nomeadamente por parte de políticos, realçando que, em época de campanha eleitoral, "em que tudo é facilmente polarizado, todos somos de uma maneira ou de outra políticos".

Interrogado sobre se teme uma radicalização da campanha, o deputado único do Livre alertou para o crescimento do discurso de ódio e as "consequências práticas" que este tem.

"O discurso de ódio, normalmente dos políticos que fazem o papel de aprendizes de feiticeiro, que querem ser como os Trumps, Bolsonaros e Órbans deste mundo, às vezes fazem-no com uma certa dose de irresponsabilidade alguns, outros às vezes sabem perfeitamente que com isso estão a legitimar ações que outras pessoas estão a tomar por eles", afirmou, numa referência ao Chega.

"Devemos fazer tudo por retirar potência ao discurso de ódio", apelou.

O partido visitou as instalações da Artesanal Pesca para defender uma das propostas do programa eleitoral que passa pelo apoio à criação e desenvolvimento de cooperativas e de empresas autogeridas pelos trabalhadores, "que garantam o desenvolvimento ecológico e sustentável, legislando o direito à autogestão previsto constitucionalmente".

Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar no domingo para eleger 230 deputados à Assembleia da República.

A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.

ARL // PC

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