"A greve mantém-se", confirmou Jorge Cardoso, do Sindicato Nacional dos Professores (Sindep), depois de, nos últimos dias, outros dois sindicatos - Sindicato dos Professores da ilha de Santiago (Siprofis) e Sindicato Democrático de Professores (Sindprof) - terem estado em intensas negociações com o Governo para resolução de pendências e evitar a paralisação, mas sem sucesso.

"O Governo quer fintar e nós estamos na disponibilidade de tratar as coisas com seriedade, mas finta não aceitaremos jamais", afirmou o líder sindical, indicando que o maior ponto de discórdia tem a ver com o reajuste salarial para a classe docente.

Os professores querem um aumento do salário base em 35% (para 107 mil escudos, cerca de 970 euros), mas o Governo não aceitou esta proposta, justificando que teria um "impacto orçamental" superior a 2,25 mil milhões de escudos (20,4 milhões de euros).

Jorge Cardoso garantiu que os professores "estão determinados" para continuar a luta "até às últimas consequências" e "não é só amanhã (quarta-feira) e depois de amanhã (quinta-feira)".

"Se o Governo, na pessoa do senhor ministro [da Educação, Amadeu Cruz], nos chamar para assinar um acordo, mas fechado, nós não teremos nenhum problema, estaremos na disposição, porque nós não temos nenhum interesse em criar problemas", afirmou, nas declarações à Lusa.

O presidente do Sindep disse esperar uma adesão de mais de 90% nos dois dias de greve, estimando que não haverá aulas em nenhum estabelecimento de ensino em todos os níveis -- do 1.º ao 12.º anos.

"Apelo a todos os professores para aderirem à nossa luta, porque o Governo está a brincar com a classe docente", manifestou ainda o porta-voz dos professores, que em 18 de outubro realizaram uma manifestação em vários pontos do país.

Relativamente ao aumento salarial, o executivo avançou anteriormente que apresentou uma proposta "mais sólida", que beneficia os professores", e considerou que a atual sugestão é "insustentável para qualquer Governo".

Entretanto, prometeu rever o aumento salarial no quadro da atualização da tabela remuneratória dos professores prevista com a revisão do Estatuto da Carreira do Pessoal Docente (ECPD), cujo processo está em andamento e deverá ficar concluído em maio de 2024.

Os professores pedem, ainda, a conclusão de reclassificações, promoção automática, regularização da atribuição dos subsídios por não redução da carga horária até 2024, melhorar a carreira dos mestres, doutores e professores universitários, regularização da carreira das educadoras de infância, regularização do processo de transição dos professores e revisão do Estatuto da Carreira do Pessoal Docente.

O executivo avançou que já investiu mais de 5,4 milhões de euros para resolver pendências dos docentes e que para o próximo ano reservou mais de 900 mil euros para regularizar carreiras.

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