Faki Mahamat, que intervinha na abertura dos trabalhos da 44.ª sessão ordinária do Conselho Executivo da UA, considerou que os autores dos atos violentos "exibem os seus crimes com condescendência e desprezo pelos requisitos mínimos do Direito Internacional e do Direito Humanitário Internacional", perante "o silêncio e a amnésia de quase todas as grandes potências mundiais".

O presidente da Comissão da UA evocou a situação no Médio Oriente, onde o povo palestiniano, "espoliado dos seus direitos fundamentais de liberdade e criação de um Estado viável e soberano", é alvo, aos olhos de todos, "de uma guerra de extermínio sem paralelo na história" e felicitou a África do Sul pela apresentação da queixa no Tribunal Internacional de Justiça contra Israel.

Além do Médio Oriente, Faki Mahamat citou ainda a guerra na Ucrânia e a tensão que se vive no mar Vermelho e no oceano Pacífico.

"Estes conflitos mortais, que ameaçam a paz mundial, combinados com os efeitos devastadores persistentes da covid-19 e as injustiças intoleráveis do atual sistema internacional, ensombram o duplo clima económico e de segurança internacional", sintetizou.

Relativamente a África, Faki Mahamat lamentou que o "recrudescimento dos golpes de Estado militares, a violência pré e pós-eleitoral, as crises humanitárias ligadas à guerra e/ou aos efeitos das alterações climáticas", sublinhando que "são motivos de grande preocupação".

A este respeito evocou os "graves conflitos armados" no Sudão, na Somália, "ainda sujeita à ameaça fundamentalista islâmica", nos Grandes Lagos, com a "tensão interminável no leste da República Democrática do Congo, na Líbia, "dividida e constantemente exposta à instabilidade" e no Sahel, "exposto à ameaça terrorista".

"Este perigo será agravado pelo vazio criado pela retirada das Nações Unidas e pela denúncia dos acordos de Argel entre o governo do Mali e os movimentos armados", detalhou.

"No momento em que todas estas tragédias matam um grande número de pessoas e lançam milhares na precariedade e na miséria, está a ocorrer um outro fenómeno novo de colapso das nossas instituições de governação regional e continental, que afeta quase todas as comunidades económicas regionais (CER)", sublinhou.

Faki Mahamat salientou que as CER são "os pilares" da UA e deixo uma questão: "Por quanto tempo e até quando é que o edifício se manterá de pé e resistirá ao desmoronamento dos seus pilares e alicerces".

A reunião do Conselho Executivo da UA (reunião dos chefes da diplomacia do Estados-membros da organização) antecede a 37.ª cimeira de chefes de Estado e de governo, que se realiza também em Adis Abeba nos próximos dias 17 e 19.

EL // ANP

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