Londres é a terceira escala de uma visita do Presidente timorense à Europa, que começou em 21 de janeiro no Vaticano e passou por Paris.

"Já fazia anos que a diplomacia timorense negligenciou as nossas relações internacionais, 10 anos, praticamente. Todas as amizades e relacionamentos que eu construí quando era ministro dos Negócios Estrangeiros e Presidente ficaram, não digo esquecidos, mas congelados, sem nenhuma atividade ativa diplomática em França, no Reino Unido e em vários países", justificou, em declarações à Agência Lusa.

Ramos-Horta foi ministro dos Negócios Estrangeiros entre 2000 e 2002, primeiro-ministro entre 2006 e 2007 e, antes deste mandato, tinha sido Presidente entre 2007 e 2012.

Uma das missões a que se comprometeu na recandidatura à presidência, em 2022, vincou, foi "recolocar Timor-Leste no mapa mundial".

Além de querer reforçar as relações anglo-timorenses a nível económico e político, pretende ver a abertura de uma embaixada britânica em Timor-Leste e espera que possa ser regularizada a situação de "milhares de timorenses no Reino Unido que estão ilegais".

Hoje, Ramos-Horta participou num evento em Londres com dezenas de timorenses representativas de comunidades espalhadas pelo território britânico, como na Irlanda do Norte, Peterborough ou Oxford.

O evento serviu para lançar a Associação de Amizade Anglo-Timorense (British-Timorese Friendship Society) e também um sistema de marcação de atendimento consular eletrónico.

O embaixador de Timor-Leste no Reino Unido, João Paulo da Costa Rangel, adiantou que a comunidade timorense no país está estimada em cerca de 25.000 pessoas.

Em 2023, as remessas para o Reino Unido terão rondado os 110 milhões de dólares (101 milhões de euros), pelo que o Presidente quis "agradecer à comunidade" timorense no Reino Unido.

Na segunda-feira, Ramos-Horta vai encontrar-se com o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Cameron, e com importadores de café.

Na quinta-feira, o Presidente vai ser recebido pelo presidente da Câmara dos Lordes, John Francis McFall.

Nos restantes dias tem reuniões com investidores no país dos setores do petróleo e gás natural, imobiliário, financeiro e tecnológico, além de encontros com diplomatas e uma entrevista com a BBC.

A visita de uma semana no Reino Unido fecha com a participação num evento sobre o Plano de Ação de Timor-Leste para atrair empresas digitais internacionais

No final do dia vai fazer um discurso na sexta-feira na Cimeira Económica na Universidade de Warwick, em Coventry, devendo regressar a Díli no sábado.

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