O chefe de Estado brasileiro citou também uma "dívida histórica construída pela supremacia branca" ao longo da História do Brasil, que foi o último país a abolir a escravatura no continente americano, em 1888.

"Temos que recompor o que sempre deveria ser realidade numa sociedade democrática" e "fortalecer constantemente o combate ao racismo", declarou Lula da Silva, numa cerimónia organizada no Palácio do Planalto.

"Devemos entender de uma vez por todas que somos todos irmãos, que viemos do mesmo pai, que vivemos no mesmo planeta e que o nosso sangue tem a mesma cor", acrescentou o governante brasileiro.

O Dia Nacional da Consciência Negra celebra a diversidade do Brasil e a contribuição para a sociedade dos afrodescendentes, cujos ancestrais chegaram ao país escravizados, um período que o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, que também estava no evento do Palácio do Planalto, considerou um dos "mais sombrios da humanidade".

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, disse na mesma cerimónia que o Brasil deve "ter orgulho da sua diversidade" e continuar a avançar "para eliminar todas as desigualdades de género e raça" e "resistir às tentativas de desumanizar os negros" e seus descendentes.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os descendentes de africanos representam mais de 55% da população brasileira e, a grande maioria, constituem as camadas mais pobres da sociedade.

No âmbito da cerimónia, Lula da Silva anunciou uma série de medidas para reforçar o combate ao racismo em todas as áreas da vida social, que enquadrou no "pagamento de uma dívida histórica construída pela supremacia branca no Brasil".

Entre elas, o governante apresentou novas diretrizes para promover maior respeito à diversidade racial na comunicação pública e na educação, reforço dos planos sociais e de saúde que atendem as comunidades negras e incentivos à difusão da cultura afrodescendente nas suas mais variadas manifestações, desde o artístico ao nível religioso.

"Todas estas medidas que anunciámos equivalem a plantar uma árvore, que a partir de agora tem que ser muito bem cuidada, não só pelo Governo, mas por toda a sociedade", concluiu o Presidente brasileiro.

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