"Em 2023, manuseámos 3,1 milhões de toneladas, que é o recorde já manuseado no Porto de Nacala. Em 2022, o volume de carga manuseada foi de 2,7 milhões (...) Este valor global representa 103% daquilo que foi o plano do ano 2023 e cerca de 12,5% acima do que nós realizámos no ano de 2022", declarou Naimo Induna, em entrevista à Lusa.

A modernização e reabilitação dos três terminais da infraestrutura, classificada economicamente como o "coração" da província de Nampula, no norte de Moçambique, abre novas perspetivas, num momento em que aumenta o número de operadores regionais que procuram alternativas no país face à pressão sobre os portos de Durban e de Richards Bay, na vizinha África do Sul, de acordo com o executivo moçambicano.

Com as mudanças e a laborar em pleno, o Porto de Nacala passou a ter a capacidade de manusear 10 milhões de toneladas de carga por ano, destacou o diretor da infraestrutura, assinalando a localização geográfica "privilegiada" para "alimentar" os mercados do Médio Oriente e da Ásia.

"Aliado a esta posição geoestratégica está o facto de o porto ter uma baía natural protegida e, mais ainda, ter profundidades naturais grandes. O canal de acesso é de cerca de 60 metros de profundidade, 800 metros de largura. Portanto, isso quer dizer que não tem qualquer limitação para receber navios 24 horas ao dia", acrescentou.

Apesar do potencial, como uma das alternativas de Moçambique na costa do Índico da África Austral, há desafios: são necessárias mais estradas e ferrovias, sobretudo para um melhor aproveitamento de países da região sem acesso direto ao mar, admitiu o Governo moçambicano.

"Nós queremos garantir que o Porto de Nacala se torne principal para outros países do `hinterland´, como algumas regiões do Zimbabué e da República Democrática do Congo", declarou.

A reabilitação da infraestrutura, inaugurada em outubro pelo chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, custou mais de 250 milhões de euros, um financiamento da Agência Internacional de Cooperação do Japão (JICA).

A empresa pública Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique-CFM passou a gerir o porto em janeiro de 2020, quando terminou a concessão ao Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN), uma sociedade anónima que operava a infraestrutura desde 2005.

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