"Estamos na fase de preparação para proteger todas as etapas do processo eleitoral. Estamos a trabalhar para que os atores do processo eleitoral, os partidos, compreendam que a fase é festiva e não de agressões físicas", declarou Bernardino Rafael, durante o evento da polícia em Pemba, na província de Cabo Delgado.

Em causa estão as agressões físicas, no domingo, entre simpatizantes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) na cidade da Beira, episódios que deixaram pelo menos dois feridos, segundo dados da corporação.

Bernardino Rafael garantiu que as forças policias estão a aprimorar o plano para o período eleitoral que se aproxima, reiterando que os intervenientes políticos devem olhar as eleições como um momento de festa.

" Que este processo seja uma festa (...) As agressões físicas não ajudam", frisou o comandante-geral da polícia moçambicana, acrescentando que a corporação também está atenta aos movimentos de organizações da sociedade civil que têm a "tendência de alterar a ordem pública".

Não foram apontados motivos concretos para as agressões entre os apoiantes dos dois partidos (a Frelimo está no poder no país e o MDM lidera o município da Beira), que ocorreram durante a cerimónia do 116.º aniversário da elevação da Beira à categoria de cidade e num período que já é de pré-campanha para as sextas eleições autárquicas, em 11 de outubro.

Entre os feridos, esteve um agente da polícia que tentava restabelecer a ordem após os confrontos.

Foram mobilizados para o local agentes da PRM e da Polícia Municipal, além de brigadas cinotécnicas.

O MDM responsabilizou a Frelimo pelo episódio, que acabou por condicionar totalmente as celebrações, por entre paus, pedras e outros objetos arremessados por ambos os grupos.

Ao discursar, o autarca da Beira condenou o sucedido e pediu desculpas às várias personalidades presentes, como o governador de Sofala, Lourenço Bulha, e a secretária de Estado para a província, Stella Zeca, que é também a candidata da Frelimo à Beira.

"A bandeira do MDM é de cor branca, de paz. Acabei quebrando o protocolo e fui pedir ao comandante distrital da PRM da Beira para que parasse de orientar os autocarros que desfilavam, em direção aos munícipes", disse Albano Carige.

Contactada pela Lusa na cidade da Beira, a Frelimo em Sofala não se quis pronunciar.

Mais de 11.500 candidatos, de 10 partidos políticos, três coligações de partidos e oito grupos de cidadãos, foram provisoriamente admitidos pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) moçambicana às autárquicas de 11 de outubro.

Mais de 8,7 milhões de eleitores moçambicanos estão inscritos para votar nas sextas eleições autárquicas, abaixo da projeção inicial, de 9,8 milhões de votantes, segundo dados da CNE.

Os eleitores moçambicanos vão escolher 65 novos autarcas, incluindo em 12 novas autarquias, que se juntam a 53 já existentes.

Nas eleições autárquicas de 2018, a Frelimo venceu em 44 das 53 autarquias e a oposição em apenas nove - casos da Renamo, com oito, e do MDM, terceiro partido, com uma.

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