De acordo com um comunicado publicado no sábado pelo Gabinete de Segurança Pública do distrito de Chaoyang, em Pequim, a polícia está a investigar "muitos suspeitos" de alegadas "atividades ilegais envolvendo empresas de gestão de fortunas afiliadas ao Zhongzhi Enterprise Group".

"Foram tomadas medidas coercivas criminais contra múltiplos suspeitos", indica o comunicado, que apela ainda aos investidores para que cooperem ativamente com a polícia na investigação e na recolha de provas, e para "salvaguardarem os seus direitos e interesses através dos meios legais".

O comunicado não revelou quais os crimes de que o grupo Zhongzhi é suspeito de cometer.

A empresa reconheceu na quarta-feira que tem dívidas entre 420 mil e 460 mil milhões de yuans (entre 54 mil milhões de euros e 60 mil milhões de euros), face a ativos de 200 mil milhões de yuans (25 mil milhões de euros).

"Uma auditoria preliminar mostra que a empresa não possui ativos suficientes para cobrir dívidas de curto prazo", admitiu o grupo.

O Zhongzhi atribuiu a situação à perda do fundador, Jie Zhikun, que morreu inesperadamente aos 52 anos no final de 2021, e à saída de vários gestores e dirigentes, causando uma "paralisia na gestão interna".

Numa carta aberta, o grupo pediu desculpas aos investidores e assumiu que está "severamente insolvente".

A empresa garantiu que está à procura de soluções para resolver a crise, mas admitiu que existe um risco significativo de ter de fechar as portas.

O Zhongzhi gere mais de um bilião de yuans (128 mil milhões de euros) em ativos, de acordo com estimativas do banco de investimento Nomura.

A empresa tem ligações com o conglomerado imobiliário Evergrande, cuja subsidiária de gestão de fortunas, Evergrande Wealth, controla 45% das ações do Zhongzhi, de acordo com a imprensa local.

A Evergrande, que entrou em incumprimento há dois anos, após as autoridades restringirem o acesso ao crédito, acumulou um passivo equivalente a cerca de 300 mil milhões de euros, sendo a maior de dezenas de construtoras que entraram em incumprimento.

Face à crise no setor, o Governo mudou de tom e anunciou recentemente diversas medidas de apoio, tendo os bancos estatais também aberto linhas de crédito multimilionárias a vários promotores imobiliários.

Nos últimos meses, as autoridades chinesas prenderam vários executivos de grandes empresas chinesas, com especial incidência no setor financeiro, onde o Partido Comunista prometeu, no início deste ano, "eliminar" a corrupção.

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