"A fatura está a sobrar para os trabalhadores, que perdem parte do seu rendimento, que em alguns casos vai até 33% de corte no seu rendimento", disse Paulo Raimundo, acrescentando que os trabalhadores também acabam por ser penalizados de outra forma, uma vez que parte dos salários [durante o `lay-off´] são pagos com dinheiro dos trabalhadores que vem da Segurança Social", acrescentou.

Paulo Raimundo falava aos jornalistas após um encontro com elementos das Organizações Representativas dos Trabalhadores (ORT) do parque industrial da Autoeuropa, numa coletividade próxima da fábrica de automóveis da Volkswagen em Palmela, no distrito de Setúbal.

Questionado sobre a avaliação que o Governo está a fazer da situação na Autoeuropa e nas empresas afetadas pela paragem de produção na fábrica de Palmela, Paulo Raimundo considerou que uma das soluções deveria ser a integração nas empresas dos trabalhadores que já foram despedidos.

"O Governo pode estudar muito, mas, enquanto estuda, o que é certo é que já há mais de 500 trabalhadores que foram despedidos, para não falar dos mais de 7.000 trabalhadores que, neste momento, já começam a levar cortes no seu rendimento", disse.

"Só espero que o governo não venha com medidas que, no fundo, ainda subsidiem aqueles que fazem contratos precários com trabalhadores que fazem falta nas empresas todos os dias. Se houver algum resultado desse estudo, no mínimo que garanta que essas pessoas são contratadas para aquilo que fazem todos os dias, porque é um trabalho de todos os dias, e não para manterem contratos temporários ou precários".

O líder comunista reiterou ainda a ideia de que o problema da Autoeuropa resulta de um "erro de gestão", considerando que uma empresa de tão grande dimensão não deveria estar dependente de um único fornecedor de algumas peças para a produção de automóveis.

"Nós temos condições no nosso país, em Portugal, no parque industrial e à volta, para minimizar essa dependência, para transformar aqui peças em carros. Temos essa capacidade. É preciso diminuir essa dependência", disse Paulo Raimundo, reconhecendo, no entanto, que esta solução iria encarecer o preço das viaturas produzidas em Palmela.

Para o secretário-geral do PCP, "com o modelo de gestão `just in time´ (que permite reduzir custos eliminando ou reduzindo as necessidades de armazenamento), que neste caso [da Autoeuropa] foi `just go home´ (simplesmente vão para casa), a empresa nunca corre nenhum risco".

"Há um problema, faltam peças, como é que se resolve? Mandam-se os trabalhadores para casa e o Estado paga. Neste caso é o Estado português que paga com o dinheiro da Segurança Social, dinheiro que é de todos nós. Não sei se é preciso voltarmos para trás, ao modelo anterior da auto-armazenamento, que dava trabalho a muita gente nos armazéns, mas manter esta situação é que não pode continuar", disse o líder comunista.

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