A Amnistia Internacional, a Save the Children, a Oxfam e o Conselho Norueguês para os Refugiados, entre outras organizações, apelaram a todos os Estados-membros das Nações Unidas para "pararem de alimentar a crise na Faixa de Gaza e evitarem uma catástrofe humanitária maior", bem como a perda de mais vidas civis.

"Os Estados-membros têm a responsabilidade legal de utilizar todas as ferramentas possíveis para tirar partido de uma melhor proteção dos civis", sublinharam as organizações, que lamentam que a Faixa de Gaza se tenha tornado no "lugar mais perigoso para ser uma criança, um jornalista e um trabalhador humanitário".

Da mesma forma, instaram o Conselho de Segurança da ONU a "cumprir a sua responsabilidade de manter a paz e a segurança globais", adotando medidas destinadas a "impedir a transferência de armas para o Governo de Israel e para os grupos armados palestinianos" e evitar que este armamento seja utilizado para a prática de crimes.

As organizações recordaram que os ataques de grupos armados palestinianos contra o território israelita custaram a vida a quase 1.200 pessoas no início de outubro, e que a resposta de Israel, além de somar mais de 25 mil mortos, priva a população de bens essenciais à sobrevivência e transforma a Faixa de Gaza num lugar inabitável.

Apesar de numerosas organizações humanitárias, grupos de direitos humanos, funcionários das Nações Unidas e mais de 150 Estados-membros terem defendido um cessar-fogo, o Exército Israelita "continua a usar armas e munições em áreas densamente povoadas, com enormes consequências humanitárias para o povo de Gaza", referem as organizações.

Por outro lado, criticaram a posição defendida nas últimas semanas por vários ministros do setor ultranacionalista do Governo israelita, que propuseram a deportação de cidadãos palestinianos para fora da Faixa de Gaza sob o pretexto de ser uma medida que visa garantir a segurança no enclave.

"A transferência forçada dentro da Faixa de Gaza e a deportação de uma parte da população através das fronteiras, sem garantias de regresso, constituiria uma grave violação do direito internacional e constituiria um crime atroz", alertaram as organizações humanitárias.

O mais recente conflito entre Israel e o Hamas foi desencadeado pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita, matando cerca de 1.140 pessoas, na maioria civis, e levando mais de 200 reféns, segundo números oficiais de Telavive.

Em retaliação, Israel, que prometeu eliminar o movimento islamita palestiniano considerado terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, onde, segundo as autoridades locais tuteladas pelo Hamas, já foram mortas mais de 25.000 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes.

O conflito provocou também cerca de 1,9 milhões de deslocados (cerca de 85% da população), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária.

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