"A mudança do 'outlook' reflete a expectativa da Moody's de que Moçambique continuará a enfrentar pressões fiscais e desafios de liquidez no contexto de restrições de capacidade institucional a curto e médio prazo, potencialmente levando a atrasos adicionais nos reembolsos da dívida, uma vez que levará tempo para que os esforços de reforma em curso reforcem a capacidade de gestão da dívida e da tesouraria do país", escrevem os analistas.

Na nota que dá conta da manutenção do 'rating' em Caa2, abaixo do nível de recomendação de investimento e da degradação do 'outlook' do país, a Moody's aponta que "as pressões orçamentais persistirão no contexto da reforma dos salários dos funcionários públicos, dos desafios de segurança no norte do país e das próximas eleições, ao passo que o risco de liquidez do Estado continuará a ser elevado, dado o difícil perfil de maturidade da dívida interna".

Moçambique, acrescentam na nota divulgada na sexta-feira à noite, "dispõe de um espaço orçamental muito limitado para responder a choques, incluindo eventos relacionados com o clima, que podem exercer mais pressão sobre a capacidade de servir a dívida".

Os analistas encaram assim como possível um atraso nos pagamentos de dívida interna semelhante ao que ocorreu no final do ano passado e início deste ano, "principalmente no contexto de ocorrência de choques externos como aqueles que afetam o perfil de liquidez" do país.

Estes riscos, no entanto, são compensados "pelos desenvolvimentos positivos que levaram à atribuição de um 'outlook' positivo em março de 2022, que se relacionam com as perspetivas de ganhos económicos e fiscais decorrentes do setor do gás natural liquefeito e do progresso feito nas reformas institucionais apoiadas pelo programa de ajustamento financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI)".

Para a Moody's, apesar de esta tendência se manter, e de o governo estar a implementar várias medidas corretivas para prevenir futuros atrasos nos pagamentos, a implementação das reformas ao ponto de levar a ganhos efetivos e consistentes com um 'rating' melhor vai demorar mais tempo do que o inicialmente previsto", e daí terem piorado o 'outlook', de positivo, para estável, o que significa que não está prevista uma melhoria do 'rating' nos próximos 12 a 18 meses.

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