A Rússia inclui-se entre os 57 membros da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), estabelecida no decurso da Guerra Fria para tentar desanuviar as tensões leste-oeste.

A Macedónia do Norte, que garante a presidência rotativa do grupo, convidou Lavrov na semana passada para um encontro dos ministros dos Negócios Estrangeiros da OSCE que se inicia quinta-feira em Skopje, a capital do pequeno Estado balcânico e ex-república jugoslava.

Os membros da NATO baniram os voos russos após Moscovo ter desencadeado a sua ação militar na Ucrânia em fevereiro de 2022. Para se deslocar à Macedónia do Norte, o avião de Lavrov necessita de percorrer o espaço aéreo da Bulgária e Grécia, que também integram a aliança militar ocidental.

Ao discursar hoje no decurso de uma conferência sobre política internacional, Lavrov disse que a Bulgária aparentemente forneceu autorização para o voo sobre o seu território.

"Parece que a Bulgária prometeu à Macedónia a abertura do seu espaço aéreo", disse. "Caso se concretize, vou estar presente".

Lavrov disse que o seu gabinete recebeu pedidos para encontros bilaterais com diversos ministros dos Negócios Estrangeiros de outros países que planeiam viajar para Skopje. "Claro que me vou encontrar com todos", indicou.

O seu vice-ministro, Sergei Ryabkov, disse aos 'media' que Lavrov não planeia reunir-se com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que também é aguardado na cimeira da organização.

Lavrov argumentou que a situação de segurança na Europa é hoje mais perigosa face a qualquer período da Guerra Fria. No passado, assinalou, a União Soviética, os Estados Unidos e os seus aliados da NATO estavam empenhados em "suster a sua rivalidade com práticas políticas e diplomáticas", e nunca "manifestaram como atualmente sérias preocupações sobre o seu futuro, o seu futuro físico".

"Agora, esses receios são todos demasiado comuns", frisou.

Lavrov também declarou que Moscovo não projeta reconstruir os laços com a Europa. Antes "devemos salvaguardar todos os setores da nossa economia, da nossa vida e da nossa segurança", disse.

Esta posição parece refletir a esperança de que o apoio ocidental à Ucrânia pode diminuir no âmbito das próximas eleições nos EUA e na Europa, da guerra Israel-Hamas, e da situação no terreno, onde a contraofensiva ucraniana não garantiu avanços significativos.

Lavrov sublinhou que, enquanto alguns responsáveis no ocidente pretendem congelar o conflito e fornecer tempo à Ucrânia para se rearmar, "pensem e considerem dez vezes todas essas ofertas para verificar de que forma cumprem com os vossos interesses e como esses parceiros europeus são confiáveis".

"Eles comprometeram a sua reputação de uma forma muito, muito negativa", disse Lavrov. "E talvez de forma ainda não totalmente completa".

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

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