O contexto é, "infelizmente, marcado por sucessivas mudanças de Governo inconstitucionais" na área da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), "que exigem respostas à altura para que não façam escola na nossa sub-região e para que se possa reverter, na medida do possível, as situações de golpes de Estado".

O líder da política externa cabo-verdiana falava na Praia, durante a cerimónia de posse de quatro dirigentes, fruto de uma reorganização no seio do ministério.

"Neste quadro, a Direção Nacional [de Política Externa e Integração Regional] terá um papel fundamental para, junto com o Instituto Diplomático de Cabo Verde, analisarmos as questões de insegurança", sublinhou.

"São questões cada vez mais globais e nenhum país está imune", destacou.

O mais recente golpe aconteceu em 26 de julho, no Níger, que se tornou no quarto país da África Ocidental a ser liderado por uma junta militar, depois do Mali, Guiné-Conacri e Burquina Faso, onde forças golpistas entraram em ação entre 2020 e 2022.

No Níger, o Presidente eleito, Mohamed Bazoum, foi detido pela guarda presidencial, motivando diversas reações de países da CEDEAO, entre os que defendem a intervenção de uma força militar conjunta para afastar os golpistas e outros que se distanciam do uso da força.

O general Abdourahamane Tiani, líder do autodenominado Conselho Nacional de Salvaguarda da Pátria (CNSP), justificou o golpe de Estado com a "deterioração da situação de segurança" num país assolado pela violência de grupos extremistas islâmicos.

O Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, reafirmou na sexta-feira a oposição a qualquer intervenção militar no Níger e garantiu que "dificilmente" o país vai integrar uma força dessa natureza no âmbito da organização da África Ocidental.

Já antes, em 02 de agosto, Cabo Verde tinha condenado o golpe, ao anunciar a retirada de oito cidadãos que se encontravam, na altura, em Niamey, capital do Níger.

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