"É correto que se faça a recontagem dos resultados na base dos editais existentes", disse Lutero Simango, durante uma conferência de imprensa em Maputo.

Em causa estão as decisões de anulação do escrutínio de 11 de outubro por diferentes tribunais distritais, que alegam que o processo foi marcado por diversas irregularidades, com destaque para falsificação de editais, no caso da capital moçambicana (Maputo).

O escrutínio foi anulado em pelo menos três pontos, nomeadamente Cuamba, na província do Niassa, Chokwé, na província de Gaza, e em dois distritos da cidade de Maputo, capital moçambicana, havendo outros recursos submetidos por partidos de oposição em várias outras autarquias contestando os resultados.

Para o MDM, a CNE tem demonstrado uma "incapacidade total" de gerir os processos eleitorais em Moçambique, criticando também a "independência aparente" do Secretariado de Administração Eleitoral (STAE) em relação à CNE, que coloca em causa a transparência do processo.

"O STAE vai numa direção e a CNE vai numa outra direção, então nós não podemos garantir um processo transparente e justo enquanto estas duas entidades andam em rotas opostas", referiu o presidente do MDM.

As sextas eleições autárquicas em Moçambique decorreram em 65 municípios do país na passada quarta-feira, incluindo 12 novas autarquias, que pela primeira vez foram a votos. Segundo resultados distritais e provinciais intermédios divulgados pelos órgãos eleitorais nos últimos dias sobre 50 autarquias, a Frelimo venceu em 49 e o MDM na Beira.

O consórcio "Mais Integridade", coligação de organizações não-governamentais moçambicanas, acusou a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, de ter manipulado os resultados das eleições autárquicas do dia 11, protagonizando "um nível elevado de fraude".

"Com base na nossa observação e evidências recolhidas nas mesas de voto, notamos com preocupação que as sextas eleições autárquicas não foram transparentes, íntegras e imparciais", disse o diretor do Centro de Integridade Pública (CIP), Edson Cortez, que leu o comunicado "Roteiro da Fraude", com a posição daquele consórcio.

A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido de oposição, tem conduzido manifestações nacionais em protesto contra a alegada fraude no escrutínio de 11 de outubro.

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