De acordo com uma lista publicada no portal da Direção de Inspeção e Coordenação de Jogos (DICJ) na segunda-feira, o regulador dos casinos licenciou para este ano 18 promotores, mais conhecidos como 'junkets'.

Em 2023 as autoridades da capital mundial do jogo tinham aprovado 36 promotores.

A Assembleia Legislativa de Macau está a analisar uma proposta de lei do Governo que poderá impedir os 'junkets' de conceder crédito a jogadores.

Sem isso, "que é basicamente a razão pela qual os 'junkets' existem", o território acabará por seguir o modelo de Singapura, onde os promotores de jogo VIP desapareceram, disse à Lusa na segunda-feira o analista da consultora de jogo IGamix Ben Lee.

Lee disse que Macau pode desistir de sonhar com o regresso dos grandes apostadores às mesas do bacará VIP, que antes da pandemia representava quase metade de todas as receitas do jogo, mas que se ficou por uma fatia de 24,1% no terceiro trimestre de 2023.

A indústria do jogo levou um duro golpe em novembro de 2021, após a queda da maior empresa angariadora de apostas VIP do mundo, a Suncity.

As autoridades de Macau, decretaram a prisão preventiva ao diretor executivo do grupo, Alvin Chau Cheok Wa, dias depois do empresário ter sido acusado na China de liderar uma vasta rede que captava apostadores para salas de jogo e casas de aposta 'online' a operar além-fronteiras.

Poucos dias depois, a Suncity anunciou o fim das suas operações, já depois de ter encerrado as suas salas de jogo VIP em Macau, sendo que o grupo estava presente em mais de 40% dos casinos do território.

O caso fez cair em flecha o número de licenças de promotores de jogo VIP emitidas em Macau, de 85 em 2011 para 46 no ano seguinte.

Em janeiro de 2023, Alvin Chau foi condenado a 18 anos de prisão pelos crimes de exploração ilícita de jogo e sociedade secreta.

Em março de 2022, um relatório anual do Departamento de Estado dos EUA disse que a detenção de Chau "põe em dúvida o futuro do negócio dos 'junkets' e das atividades ilícitas que eles muitas vezes facilitam".

O documento designou Macau como um dos principais pontos de branqueamento de capitais a nível mundial.

Segundo o relatório anual do Gabinete de Informação Financeira de Macau, o território era o único membro do Grupo Ásia-Pacífico Contra o Branqueamento de Capitais que cumpria "todos os 40 padrões internacionais" sobre a prevenção da lavagem de dinheiro, do financiamento do terrorismo e da proliferação de armas de destruição em massa.

Macau é o único local na China onde o jogo em casino é legal. Operam no território seis concessionárias, cujo contrato de dez anos entrou em vigor em 01 de janeiro de 2023.

VQ (CAD/MIM) // SB

Lusa/Fim