"Em novembro, as empresas moçambicanas observaram uma deterioração das condições de operação, a primeira em dez meses, à medida que o ritmo da procura continuou a abrandar e os níveis de atividade diminuíram", lê-se no boletim.

Esse "declínio", acrescenta, "resultou numa redução acentuada da atividade de aquisição, enquanto o ritmo da criação de postos de trabalho desacelerou para o valor mais baixo dos últimos 21 meses".

"Ainda assim, as empresas mantiveram um elevado grau de confiança na atividade futura, apoiado pela redução das pressões sobre os preços", refere igualmente.

De acordo com os membros do painel, "o abrandamento das condições de procura, a falta de poder de compra e atrasos nos pagamentos estiveram na origem da diminuição, apesar de, a nível global, esta ter sido apenas ligeira".

Em simultâneo, o crescimento de novos negócios no setor privado "conseguiu apenas manter-se constante, com a taxa de expansão a cair para o nível mais fraco dos últimos dez meses" e durante o mês de novembro "foi registada uma queda mais rápida das encomendas em atraso, sugerindo a existência de capacidade disponível nas empresas moçambicanas".

"Subsequentemente, o ritmo de crescimento do emprego abrandou para o nível mais baixo dos últimos 21 meses, com algumas empresas a terem mesmo de reduzir o número de funcionários para diminuir os custos. Como resultado, as despesas globais com pessoal permaneceram, em grande medida, estáveis, após o aumento em cada um dos 26 meses anteriores", lê-se no boletim.

Nota igualmente que a aquisição de meios de produção "foi significativamente reduzida" no mês passado, a "mais acentuada desde maio de 2020".

Segundo Fáusio Mussá, economista-chefe do Standard Bank Moçambique, a queda do PMI para 49,6, contra o registo de 50 em outubro, "sinaliza uma desaceleração da atividade económica neste último trimestre de 2023".

"Tendo permanecido abaixo do valor de referência de 50, o PMI de novembro sugere uma contração mensal da atividade económica. Notamos que quase todos os subíndices registaram uma descida comparando com o mês anterior, com sete dos 13 subíndices a permanecerem no nível de 50 ou acima, o que sugere uma desaceleração generalizada da atividade económica", afirma o economista, citado no documento, comentando os resultados do índice.

"Há muito pouco apoio ao crescimento por parte das políticas monetária e fiscal, que estão calibradas para ajudar a manter a inflação um dígito e a gerir as pressões da dívida doméstica do Estado, o que torna a aceleração do crescimento económico muito dependente dos projetos de gás natural liquefeito (GNL)", acrescenta.

O Purchasing Managers' Index (PMI) publicado pelo Standard Bank resulta das respostas de diretores de compras de um painel de cerca de 400 empresas do setor privado.

Valores acima de 50 mostram uma melhoria nas condições das empresas, enquanto valores abaixo revelam uma deterioração.

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