No seu livro "Testigo de un tiempo incierto" ["Testemunha de um tempo incerto", em português], Solana afirmou ter visto "o sofrimento em Gaza durante muitos anos".

"Quando eu estava no comando, abrimos a passagem de Gaza pela primeira vez com as forças policiais europeias. Conheço bem o local e sei as dificuldades que lá se estão a passar. Gaza é uma prisão a céu aberto", disse Solana.

O ex-secretário-geral da NATO acredita que Israel estaria a cometer um grande erro caso entrasse no território da Faixa de Gaza com tanques, sugerindo assim a criação de corredores humanitários.

Questionado sobre o atraso da incursão terrestre de Israel em Gaza, o mesmo respondeu que "eles têm o objetivo de desarmar o Hamas e para os desarmar têm de entrar no seu território".

"Estamos num momento difícil e é necessário fazer tudo o que for possível para alcançar um cessar-fogo e corredores humanitários. Isto depende, em grande medida, da reação da comunidade internacional. Se não for fortemente apoiada pelos Estados Unidos, será muito difícil", acrescentou.

O grupo islamita Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns.

Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.

O conflito já provocou milhares de mortos e feridos, entre militares e civis, nos dois territórios.

Solana recordou também que nos últimos anos registou-se uma grande transformação na Rússia e que os ataques do 11 de setembro nos Estados Unidos constituíram um "drama de grandes dimensões".

"Para o ano teremos as eleições na Rússia, nos EUA, na UE e em Taiwan. Vamos estar todo o ano sem saber muito bem quem vai ganhar as eleições, o que vai gerar um nível de incerteza", afirmou.

Para Javier, o problema mais grave é o dos Estados Unidos.

"A sua vida política está completamente fragmentada. Não há mais nada que una Biden e Trump para além da China. Um a querer negociar e o outro a querer odiá-la", comentou.

Relativamente à Rússia, explicou que o que o Presidente Vladimir Putin pretende é "prolongar a situação na Ucrânia".

"Ele vai ter eleições em janeiro, fevereiro ou março, e quer chegar um pouco mais erguido. Hoje não o está. Vai tentar ajudar um pouco os terroristas sem dar nas vistas e pouco mais que isso", disse.

NSZG(HB)/JH // JH

Lusa/Fim