Do total de mortos naquela província relacionadas com a época das chuvas, nove foram provocados por descargas atmosféricas, dos quais seis no distrito de Nhamatanda e três na Gorongosa, enquanto na Beira uma pessoa morreu na sequência de um desabamento, avançou hoje o delegado em Sofala do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), Aristides Armando.

Ao intervir na sessão ordinária do conselho dos Serviços de Representação do Estado em Sofala, alargada aos administradores distritais, Aristides Armando explicou que os óbitos registaram-se de 01 de outubro até 18 de janeiro último.

O delegado do INGD revelou que no geral, as chuvas que têm vindo a cair afetaram até ao momento 149 famílias, num total de 145 pessoas, para além de dados e destruição em 143 casas.

Acrescentou que as infeções por cólera estão a ser outro dos impactos das chuvas das últimas semanas em Sofala, com focos da doença atualmente nos distritos de Marínguè, Búzi Caia e Cheringoma, com mais de 1.000 infetados em cerca de dois meses.

Em sentido contrário, Aristides Armando detalhou que a situação de seca moderada afeta os distritos de Caia e Chemba, estando a intervenção governamental centrada no apoio antecipado das famílias mais carenciadas. Assim, cerca de 2.000 famílias vão beneficiar de ajuda financeira no valor de 2.500 meticais cada, para a aquisição de alimentos e outros bens de primeira necessidade.

"Neste momento as autoridades estão a monitorar a situação de falta de chuva em diferentes distritos da província com vista apurar os reais impactos. Seguidamente desenhar-se-á um plano de intervenção para efeitos de mitigação", disse ainda o delegado do INGD, na mesma reunião.

Pelo menos 44 pessoas morreram em Moçambique na atual época das chuvas, desde outubro, devido ao mau tempo, das quais 19 na província da Zambézia, segundo dados oficiais até 08 de janeiro noticiados anteriormente pela Lusa.

De acordo com um relatório de balanço nacional do INGD, as descargas atmosféricas foram a principal causa de morte (28 casos) neste período, relacionadas com as condições atmosféricas, seguido do desabamento de paredes (13) e afogamentos (três).

As chuvas e ventos fortes afetaram em todo o país, neste período, 4.056 famílias, num total de 19.729 pessoas, e 49 ficaram feridas, provocando ainda a destruição parcial de 1.611 residências, enquanto 718 foram totalmente destruídas e 1.784 inundadas.

Há registo ainda de 137 salas de aulas destruídas, 21 escolas, 3.968 alunos e 42 professores afetados. O mau tempo afetou ainda oito unidades sanitárias e nove casas de culto, destruindo igualmente 88 quilómetros de estradas até 08 de janeiro.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.

Já no primeiro trimestre do ano passado, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afetaram no país mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula, segundo dados oficiais do Governo.

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