As críticas dos partidos tiveram lugar na audição parlamentar do governante na Comissão de Orçamento e Finanças (COF) e a Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, no âmbito da apreciação do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024), horas depois de o primeiro-ministro ter dito que ia discutir com o Presidente da República a manutenção do ministro.

O deputado social-democrata Paulo Moniz abriu as hostilidades, afirmando ter "profunda perplexidade" por o ministro das Infraestruturas estar presente na audição, questionando se João Galamba se iria manter no cargo até o novo governo entrar em funções após as eleições antecipadas de março.

O ministro das Infraestruturas foi perentório a afastar a apresentação da sua demissão e a remeter as responsabilidades da constituição do elenco governativo para o primeiro-ministro, defendendo que as questões dos deputados se deveriam centrar no OE2024.

O tema surgiu novamente pela voz do deputado do Chega André Ventura que perguntou a João Galamba se considerava ter "condições políticas" para defender a proposta orçamental "depois dos acontecimentos" dos últimos dias.

O ministro afirmou que "sim" e disse aguardar "ansiosamente as perguntas sobre o Orçamento".

Pela voz do deputado da IL Carlos Guimarães Pinto a legitimidade de João Galamba foi novamente questionada.

"Lamento profundamente a opção do seu governo tê-lo aqui hoje. É confrangedor para os deputados e imagino que também para si", afirmou o parlamentar.

João Galamba ripostou não saber se era "confrangedor" para Carlos Guimarães Pinto, mas que o deputado poderia "ter a certeza que não é confrangedor" para o ministro.

"Estou aqui a cumprir um dever. Sou ministro da República, convidado por este parlamento para participar no debate na especialidade e tenciono conduzir esse debate e responder às perguntas com dignidade", afirmou.

O ministro considerou que não lhe é "nada confrangedor" defender um Orçamento em que acredita e no qual participou.

"Estou aqui preparado para responder às perguntas que o senhor deputado e todos os senhores deputados quiserem fazer sobre o mesmo", vincou.

Por seu lado, a deputada do BE Isabel Pires recordou que há algum tempo que o partido considera que o ministro "não tem condições para ocupar o cargo e os acontecimentos recentes" reforçam a ideia.

Já o deputado do PCP Bruno Dias preferiu não "perder tempo com repetição de argumentos", porque "a questão central é a de ser um mau orçamento e seria mau orçamento com eleições ou sem eleições".

A deputada do PAN Inês Sousa-Real disse preferir centrar-se no debate do OE2024 e o deputado do Livre Rui Tavares não fez comentários sobre o tema.

O ministro das Infraestruturas foi constituído arguido no processo que envolve negócios com lítio, hidrogénio e a construção de uma 'data center´em Sines.

Na sequência da demissão do primeiro-ministro, o país vai ter eleições legislativas antecipadas em 10 de março de 2024.

AAT/MPE// CC

Lusa/Fim