Desde janeiro que o país africano está a beneficiar do programa do FMI de Facilidade de Crédito Alargado, que disponibiliza 36 milhões de dólares americanos (33 milhões de euros), num prazo de 36 meses e já teve duas avaliações positivas.

O ministro da Economia e Finanças da Guiné-Bissau, Suleimane Seide, em funções há um mês, fez hoje a apresentação das contas públicas e afirmou que vai ter que renegociar com o FMI, perante os números que encontrou o novo Governo da coligação Plataforma da Aliança Inclusiva (PAI) Terra Ranka, liderada pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

O valor do défice estipulado no acordo com o FMI é inferior a quatro por cento do PIB (Produto Interno Bruto), mas o que a Guiné-Bissau regista "ascende a quase 30% do PIB" e com tendência a agravar-se até ao final do ano, face ao programa de emergência para atenuar o custo de vida.

O ministro deu conta de que recebeu a pasta das Finanças com "cerca de 10 mil milhões de francos cfa (15 milhões de euros)" nos cofres, destinados a pagamentos de salários e dívida externa.

A dívida global do país é de cerca de 900 mil milhões de cfa (mais de 1.300 milhões de euros), o que equivale a um défice perto de 30% do PIB, de acordo com as contas apresentadas.

"A situação põe em causa o défice acordado com o Fundo Monetário", constatou o ministro.

O Governo "vai ser obrigado a fazer duas emissões de dívida para cobrir responsabilidades de títulos tesouro", ou seja, fazer mais dívida para pagar dívida.

Uma das operações, no valor de 9,5 mil milhões de cfa (14,4 milhões de euros) já constava no plano de emissões e a outra será "uma emissão excecional, fora do âmbito daquilo que estava programado, cerca de 17 mil milhões de cfa (25,9 milhões de euros), que vai permitir cobrir todas as responsabilidades em relação a títulos da dívida", acrescentou.

Nas receitas, o Governo da Guiné-Bissau conseguiu aproximar-se dos objetivos definidos, mas as despesas passam "largamente" o valor das receitas, e os dados mostram "derrapagens muito substanciais", disse o governante.

A massa salarial é a que mais peso tem, representando "sessenta e tal por cento" do total da despesa do Estado.

Os números, de acordo com o ministro, "são do conhecimento do Fundo Monetário" e Suleimane Seide propõe-se trabalhar com aquele organismo "para ajudar a resolver a situação"

O chefe da missão técnica do FMI para a Guiné-Bissau já propôs um aumento do apoio ao país que quase duplica o valor acordado no programa, mas, para o ministro das Finanças, "não irá resolver" a situação.

"É um bom sinal para os outros parceiros entenderem que podem ter confiança no país, para motivar os outros a ajudar também", considerou.

HFI // MLL

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