Apesar da segunda maior economia do mundo ter conseguido escapar à deflação, o aumento revelado pelo Gabinete Nacional de Estatística chinês ficou aquém do previsto por analistas consultados pela agência financeira Bloomberg, que esperavam uma recuperação de 0,2%.

Em julho, o IPC caiu 0,3% em termos anuais, com a China a entrar em deflação pela primeira vez desde fevereiro de 2021, em plena pandemia de covid-19, devido à queda do preço da carne suína, a mais consumida no país.

A economia chinesa estava à beira da deflação há meses, indicando que a recuperação nos gastos não se materializou, depois de as autoridades terem abolido a política de 'zero' casos de covid-19, no início do ano.

A deflação consiste numa queda dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno reflete debilidade no consumo doméstico e investimento e é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos ativos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.

Apesar da recuperação dos preços em Agosto, muitos analistas não excluem uma recaída nos próximos meses, numa altura em que os principais motores de crescimento da China continuam a desacelerar.

A deflação na China pode ajudar a conter os preços na Europa, disse à Lusa em agosto o presidente da consultora IMF -- Informação de Mercados Financeiros, Filipe Garcia.

Por outro lado, o índice de preços ao produtor (PPI), que mede os preços à saída das fábricas, contraiu novamente em agosto, caindo 3%, pelo 11.º mês consecutivo, admitiu hoje o Gabinete Nacional de Estatística da China.

Analistas consultados pela Bloomberg já esperavam esta descida, depois de o PPI ter diminuído 4,4% em julho.

Este índice dá uma visão geral da saúde da economia, sendo que os preços ao produtor em queda significam margens de lucro reduzidas para as empresas.

As empresas chinesas foram penalizadas por uma queda homóloga de 8,8% em agosto nas exportações do país asiático, segundo dados divulgados na quinta-feira pela Administração Geral das Alfândegas da China.

Ainda assim, a queda nos dados oficiais, denominados em dólares e utilizados como referência por analistas internacionais, foi menor do que a esperada.

Esta situação tem um impacto direto em dezenas de milhares de empresas chinesas que se concentram em fabricar produtos para exportação e cujas operações estão atualmente em câmara lenta.

Uma situação que representa um novo obstáculo para a China, numa altura em que o desemprego jovem atingiu um máximo histórico de mais de 20% em junho, levando as autoridades a suspender a divulgação da taxa oficial.

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