"O grande desafio dos SIDS é sobretudo a resiliência climática, fazer face às alterações climáticas. Os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento estão na linha da frente do combate às alterações climáticas, com impactos no seu processo de desenvolvimento", afirmou a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Cabo Verde.

Myriam Vieira falava em conferência de imprensa, na cidade da Praia, para anunciar a reunião inter-regional da 4ª conferência internacional dos SIDS, que acontece em Cabo Verde de 30 de agosto a 1 de setembro próximo.

Segundo a governante, durante a reunião, que vai contar com a presença de vários parceiros internacionais, serão discutidos assuntos como a sustentabilidade da dívida e o financiamento da resiliência climática.

"De igual forma, é um momento particular para traçar elementos ou traçar linhas e diretrizes para o próximo programa de cooperação ou o programa de ação dos SIDS", acrescentou a secretária de Estado.

Durante o encontro, os SIDS (sigla inglesa para 'Small Island Developing States') querem formular uma posição comum sobre as suas prioridades que servirão de base do documento final da 4.ª conferência internacional que será realizada em Antígua e Barbuda, de 27 a 30 de maio de 2024.

"Será um momento particular também para debater as fragilidades do financiamento da ação climática nos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, que continua a ser o maior desafio de desenvolvimento para que os países consigam alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável", definidos pelas Nações Unidas, afirmou ainda a mesma fonte.

Frisando que estimativas apontam que, entre 1970 e 2020, os pequenos Estados insulares pagaram cerca de 153 biliões de dólares na recuperação face às catástrofes naturais e aos efeitos que são produzidos pelas alterações climáticas, a governante entendeu que isso traduz aquilo que tem sido o "enorme desafio" de desenvolvimento destes países.

No caso particular de Cabo Verde, disse que a preocupação é fazer a transição energética de forma sustentável, apostar na economia azul e combater as alterações climáticas, com foco em questões como a seca, desertificação e degradação da terra, que não acontecem em muitos outros países desse grupo.

"Todo o sistema das Nações Unidas estará posicionado para termos um documento que venha, de facto, dar resposta às reais necessidades de desenvolvimento dos SIDS", manifestou Vieira.

Além da posição comum dos pequenos Estados insulares, a secretária de Estado apontou vários outros parceiros que advogam a favor dos SIDS, como as Nações Unidas e as instituições do Bretton Woods (Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional).

"Porque aí pensamos também que a questão da gestão da dívida é de grande importância para os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento", considerou, sublinhando ainda todo o diálogo que tem sido feito a nível da sociedade civil.

A conferência do próximo ano vai reunir os líderes para chegarem a um acordo sobre um novo programa de ação para esses países, com foco em soluções práticas e impactantes e para formar novas parcerias e cooperação em todos os níveis.

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