"A paragem na produção de petróleo e gás em 2023 evidencia a excessiva dependência de Timor-Leste das exportações de hidrocarbonetos, evidenciando a urgência da diversificação económica", refere o relatório apresentado hoje em Díli.

"Os desafios na atração de investimento direto estrangeiro significativo agravam a situação, levando o Governo a ultrapassar os seus levantamentos do Fundo Petrolífero, que, a manterem-se as tendências atuais, pode esgotar-se até 2034", refere-se.

No relatório considera-se que a diversificação económica, especialmente focada no desenvolvimento do setor agrícola, que emprega o maior número de famílias, geraria o "potencial para um crescimento mais robusto".

Neste âmbito, nota que a economia do país continuou a recuperação no ano passado, depois das contrações durante o período da crise política e da pandemia, com o PIB a crescer 3,9%, "em grande parte impulsionada pelo consumo público e pelo investimento".

Apesar desta recuperação, nota a instituição, "o consumo permaneceu moderado", com as taxas de participação da força de trabalho aquém dos parceiros regionais, porque "o setor privado estagnado simplesmente não está a criar empregos suficientes".

A economia deverá crescer 2,4% este ano, com as pressões inflacionárias a manterem-se -- a taxa de inflação em março foi de 9,6% - em parte devido ao aumento de impostos especiais de consumo.

O Banco Mundial nota que o Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2023 "continua ambicioso, apesar das previsões de um défice orçamental crescente, que atingiu uns preocupantes 63,7% do PIB em 2022".

Bernard Harborne, responsável do Banco Mundial em Timor-Leste, considera que o país "está na encruzilhada económica" com a estabilidade política atual e planeamento adequado a criar várias oportunidades.

"Recomendamos vivamente um foco imediato na diversificação económica. Um esforço concertado em matéria de investimento agrícola poderia remodelar o panorama económico, oferecendo estabilidade e crescimento sustentável", nota.

Parte do relatório está dedicado ao setor agrícola, que a instituição considera ser essencial para o desenvolvimento económico nacional e a criação de emprego.

"Atualmente, constituindo a maior parte da economia fora do setor público, o setor agrícola enfrenta grandes desafios. Os níveis de produtividade são baixos, as áreas colhidas diminuíram significativamente ao longo de duas décadas e os retornos dos agricultores permanecem mínimos", considera.

"São vitais os esforços para aumentar a produtividade agrícola e criar oportunidades económicas sustentáveis para os agregados familiares de agricultores. Isso inclui aumentar o rendimento dos agricultores através do aumento da produtividade da agricultura em pequena escala, concentrando-se em produtos de alto valor e incentivando ganhos de produtividade com variedade de ementes melhoradas, tecnologias acessíveis e métodos de armazenamento superiores", sustenta.

Paralelamente, considera, deve ser apoio o "desenvolvimento da transformação alimentar, em particular nas micro, pequenas e médias empresas".

Tal como tem ocorrido no passado o Banco Mundial incentiva o executivo a abordar o tema da consolidação orçamental, "sublinhando a importância da mobilização de receitas e da racionalização da despesa".

"Com aumentos significativos da despesa pública a produzir um impacto económico limitado, o Banco Mundial sugere que o crescimento poderia ser sustentado, possivelmente até reforçado, com um orçamento cuidadosamente calibrado, reformas orçamentais reais, poupanças e novos investimentos", sustenta.

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