Segundo um relatório hoje divulgado, no âmbito das negociações, em Bruxelas, das possibilidades de pesca para 2024, das 32 populações de peixes forrageiros (de que se alimentam espécies de peixes maiores e outros animais marinhos, incluindo aves e mamíferos) analisadas, apenas 16% (cinco populações) são exploradas "de forma sustentável e se encontra num estado saudável".

As restantes, sustenta a ONG de conservação marinha, "estão sujeitas a sobrepesca, com níveis de abundância preocupantemente baixos, ou o seu estado é desconhecido devido a limitações de dados".

A Oceana apela aos países do Atlântico Nordeste para que melhorem a gestão de espécies forrageiras como a sardinha, o carapau, verdinho, biqueirão e galeota, entre outras, "antes das negociações sobre os limites de pesca a realizar no final deste ano".

A gestão atual dos peixes forrageiros, considera a ONG, não tem em plena conta o papel ecológico dos peixes forrageiros no ecossistema, nomeadamente a sua capacidade de fornecer alimentos suficientes aos predadores marinhos, nem a resposta das unidades populacionais ('stocks') e dos ecossistemas às alterações climáticas.

A Oceana recomenda aos decisores que fixem os totais admissíveis de capturas (TAC) para 2024 de forma mais cautelosa, a fim de preservar o seu papel no ecossistema, que tenham em conta as incertezas e limitações dos dados relativos ao estado dos 'stocks' (incluindo as estimativas das populações e a declaração incorreta das capturas).

A criação de planos de gestão das pescas a longo prazo e baseados nos ecossistemas, fechar acordos entre países sobre uma estratégia partilhada da gestão das espécies e melhorar a recolha de informações sobre a unidades populacionais, bem como a fiabilidade da sua avaliação, estão ainda entre as medidas propostas.

Os TAC para 2024 estão já em negociação, devendo a Comissão Europeia avançar com uma proposta em novembro, que será fechada pelos ministros das Pescas da UE no conselho de 11 e 12 de dezembro, para as águas da UE e internacionais, em colaboração com outros países, como a Noruega, o Reino Unido e o Canadá.

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Lusa/fim