"África aquece mais do que qualquer outro continente, 17 dos 20 piores pontos em termos de aquecimento global estão em África; somos os menos responsáveis pelo aquecimento global, mas somos os que carregamos o maior fardo", disse o chefe de Estado sul-africano na 78.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, que decorre esta semana em Nova Iorque.

"Séculos depois dos escravos, décadas depois da exploração colonial, as pessoas do continente africano continuam a suportar o custo da industrialização do norte e do desenvolvimento das nações mais ricas, mas esse é um preço que os africanos já não estão disponíveis para pagar", disse Ramaphosa, o líder da nação mais industrializada da África subsaariana.

Na intervenção, lamentou que muitas nações do norte contem entre os seus ativos a riqueza mineral que está debaixo do solo africano, e garantiu que esta riqueza "deve beneficiar os africanos".

Ramaphosa defendeu também os direitos das mulheres e, salientando a maioria de homens presentes na assembleia, exclamou: "Onde estão as mulheres do mundo? Elas deviam estar aqui, nesta sala, numa posição de liderança".

Na parte do discurso dedicada ao aquecimento global, um dos principais problemas enfrentados no continente, o chefe de Estado sul-africano vincou, ainda, que é preciso "mais apoio financeiro" e defendeu a necessidade de investir anualmente 500 mil milhões de dólares, quase 470 mil milhões de euros, na mitigação e adaptação às alterações climáticas no continente, sob pena de o mundo falhar os compromissos globais relativos ao ambiente.

MBA // MLL

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