Edição por Ana Maria Pimentel

No dia em que o Ministério Público espanhol abriu um inquérito a Luís Rubiales por possível agressão sexual à jogadora Jenni Hermoso, a mãe do presidente da Real Federação Espanhola de Futebol entra em greve de fome pela "caça desumana e sangrenta" ao filho.

É certo que não se pode pedir a uma mãe distância e racionalidade perante as ações de um filho, mesmo que essas estejam aos olhos de toda a gente e comecem a ser conhecidas outras idênticas. Mas é exatamente isso que se pode pedir às instituições que têm o dever de analisar, e até comentar, este caso. Estranho é, por isso, que só quase uma semana depois a Federação Espanhola de Futebol tenha decidido reunir de emergência para lidar com este caso, a reunião acontece hoje pelas 15h.

O beijo que Jenni Hermoso garante não ter sido consentido tornou-se num símbolo do movimento #seacabó no desporto, e traz com ele a lembrança de que ainda há muitas áreas onde é preciso gritar #seacabó. Um pouco por todo o lado o apoio à jogadora campeã mundial tem sido claro, inclusive em equipas masculinas.

Sabia-se desde o primeiro dia do Mundial de Futebol Feminino que o que acontecia era mais que desporto. O manifesto pela igualdade de género ia inevitavelmente sair do campo, mas escusava de se ter substituído um momento feliz por este momento triste. Contudo, é na luta sonora contra estes momentos tristes que tem que ser feito o caminho para a igualdade, por todos aqueles momentos tristes que acontecem dentro de portas e longe das câmaras. Ainda que essa lute retire o brilho e a felicidade a conquistas felizes.

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