Edição por Ana Maria Pimentel

Nuno Melo havia dito, Margarida Blasco apoiou a ideia. Ontem, a ministra da Administração Interna concordou que o serviço militar poderia ser uma alternativa para jovens que cometem "pequenos delitos", tal como defendeu o ministro da Defesa.

Hoje, as associações militares representativas dos oficiais, sargentos e praças apressaram-se a considerar que a possibilidade de aplicar o Serviço Militar Obrigatório como pena alternativa, sugerida pelos ministros da Defesa e Administração Interna, é uma “ideia peregrina” e “absurda”.

O IL, inclusive, requereu hoje a audição do ministro da Defesa no parlamento por ter admitido o serviço militar obrigatório como pena alternativa para jovens que cometam pequenos delitos, considerando que são declarações "inenarráveis" que devem ser esclarecidas.

O tema das Forças Armadas e da sua sustentabilidade tem estado em cima da mesa, e até podia ser pela existência de guerras tão próximas e de uma NATO cada vez mais ativa. Mas segundo uma entrevista de Gouveia e Melo - que trouxe o tema de volta à discussão -  ao Expresso, em causa estará mesmo a sustentabilidade das forças armadas.

"Reequacionar o Serviço Militar Obrigatório, ou outra variante mais adequada, poderá ser uma medida necessária não só para equilibrar o rácio despesa/resultados, mas também para gerar uma maior disponibilidade da população para a defesa, quer por capacidade de mobilizar rapidamente os recursos humanos necessários quer ainda pelo efeito que este tipo de serviço criará indiretamente no Ethos nacional e na consciencialização do coletivo, dos seus interesses superiores".

Na altura, no SAPO24, questionou-se se seria um regresso ao passado ou uma necessidade de futuro. Agora, questiono é se o serviço militar é cadastro, ou uma casa de correção, e se os condenados são carne para canhão (não literalmente, mas quase)?

E, sim, em Portugal já existe uma forma de reinserção que permite um "voluntariado à força", mas com as devidas distâncias. Algumas penas podem ser trocadas por serviço comunitário. Nos últimos três anos 2.730 pessoas substituíram o pagamento de multas ou penas de prisão por trabalho a favor da comunidade. O SAPO24 já foi conhecer algumas dessas histórias, teriam estas vidas sido diferentes de espingarda na mão?

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