Hashtags como #BoycottMcDonalds e #BoycottPepsi circulam nas redes sociais, duas empresas que também receberam cartas do presidente da Administração de Nova Iorque, o principal órgão de auditoria e fiscalização do estado.

Estas empresas "precisam de se questionar vale a pena fazer negócios na Rússia neste período extraordinariamente volátil", disse Thomas DiNapoli, que também notificou a corretora Bunge, a fabricante de bolachas Mondelez e os grupos de cosméticos e produtos de higiene Estée Lauder, Coty e Kimberly-Clark.

Uma equipa da Universidade de Yale, que mantém uma lista de empresas com presença significativa na Rússia, afirma que cerca de 230 anunciaram a sua retirada do país desde a invasão da Ucrânia. Muitas empresas americanas estão em silêncio.

"Efeito cumulativo"

A Yum! Brands alega que os seus mais de 1.000 restaurantes KFC e 50 lojas Pizza Hut são quase todos de propriedade independente e operados sob licença ou franchise.

A Starbucks argumenta que os seus quase 130 cafés na Rússia pertencem a um conglomerado do Kuwait e que se comprometeu a devolver qualquer contribuição da sua atividade no país aos esforços humanitários na Ucrânia.

"Existem sérios riscos para os ocidentais atualmente na Rússia, e essas empresas devem fazer todo o possível para repatriar o seu pessoal", diz Richard Painter, professor da Universidade de Minnesota.

Algumas empresas podem hesitar porque acham que podem desempenhar um papel intermediário entre as partes ou porque produzem bens essenciais, disse Tim Fort, professor de ética empresarial da Universidade de Indiana. A decisão de uma única empresa "não vai fazer pender a balança, mas há um efeito cumulativo", disse Fort.

E uma marca tão conhecida como a McDonald's pode ter real influência na Rússia num momento em que o discurso oficial russo minimiza a magnitude do conflito e a população tem pouco acesso a informações além das oficiais.

"Os russos vão conseguir sobreviver sem o Big Mac, mas vão perguntar-se por que os McDonald's fecharam", ponderou.

Para Mark Hass, especialista em comunicação da Arizona State University, os interesses económicos das empresas que até agora optaram por não deixar a Rússia "provavelmente continuarão a superar os riscos sobre a sua reputação".

Mas "se as redes sociais começarem a identificá-las como empresas dispostas a fazer negócios com um agressor autocrático que está a matar milhares de pessoas na Ucrânia, o problema tomará outro rumo e pode afetar os seus negócios muito além da Rússia", disse Hass.