Em declarações à Lusa, Paulo Manso, presidente da direção do Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (Sitema), indicou que o que estes profissionais reclamam, tendo em conta que os acordos de emergência “vieram retirar um valor substancial ao ordenado”, é que “esse valor viesse a ser reposto de maneira a que as pessoas possam fazer face ao seu dia-a-dia”, apontando “as pressões da inflação e os aumentos de juros que estão para ter em breve”, que levarão a “aumentos das prestações da casa”.

“Começa a ficar virtualmente insustentável continuarmos a viver com estes cortes brutais quando na prática os momentos de emergência que deram lugar aos acordos de emergência já não se fazem sentir neste momento”, indicou.

Segundo Paulo Manso, “os cortes que as companhias fizeram para fazer face à pandemia neste momento já não existem e as empresas voltaram à normalidade em termos de tráfego e movimento de passageiros e em termos daquilo que é o pagamento que fazem aos seus trabalhadores. Coisa que não está a acontecer na Portugália e está a ter um impacto muito grande no vencimento das pessoas que estão revoltadas com esta situação”, destacou.

O presidente do Sitema revelou ainda que houve “várias reuniões neste processo”, mas neste momento não há mais negociações.

Questionado sobre a possibilidade de avançar com uma greve total, o dirigente sindical referiu que não coloca de parte “nenhum dos cenários”. “Se acharmos que o caminho seguinte passa por endurecer a forma de luta, temos de avançar com essa situação”, rematou.

Num comunicado enviado à Lusa, o Sitema indicou que “está prevista na Portugália a chegada de mais seis aeronaves, as quais têm de ser preparadas para a entrada em operação na frota da companhia”.

“Estas aeronaves que já deveriam ter chegado, e cujo atraso não é da responsabilidade dos trabalhadores, precisam de fazer uma série de trabalhos para adequar a configuração e imagem das aeronaves à respetiva frota, e tem de ser assegurada a respetiva manutenção técnica antes de começarem a voar. Estes trabalhos de manutenção vão exigir um esforço redobrado por parte dos TMA [técnicos de manutenção de aeronaves], nomeadamente no que diz respeito ao trabalho extraordinário”, lê-se na mesma nota.

“Os TMA reclamam a normalização das relações contratuais e respetivas retribuições de acordo com a normalização que se vive no mercado do transporte aéreo e em linha com o que se passa no panorama internacional”, sendo que o sindicato “manifesta um total repúdio pelo ambiente atualmente em vigor na empresa, com situações graves de violação do direito à greve e coação sobre os técnicos de manutenção. Este tipo de atitudes, não toleráveis em pleno séc. XXI, vão ser denunciadas às autoridades competentes”, garantiu a estrutura.