É descrito pelo jornal The Guardian como o maior teste-piloto de sempre à semana de trabalho de quatro dias.

Organizada pela associação 4 Day Week Global, em parceria com as Universidades de Cambridge e de Oxford, assim como com o Boston College e o thinktank Autonomy, a iniciativa vai abranger mais de 3300 trabalhadores de 70 empresas britânicas.

O projeto — que deverá vigorar por seis meses — é baseado no modelo "100:80:100", o que significa receber 100% do salário por 80% do trabalho em troca de manter o objetivo de 100% de produtividade.

Testes semelhantes foram realizados em Espanha, Islândia, Estados Unidos e Canadá, e estão programados para começar em agosto na Austrália e Nova Zelândia.

Alex Soojung-Kim Pang, diretor de projetos da 4 Day Week Global, o grupo que apoia os testes, diz que o período de seis meses no Reino Unido beneficiará as empresas com mais tempo para experimentar e recolher dados.

A adaptação deve ser mais fácil para as pequenas e médias empresas, que podem implementar grandes mudanças mais rapidamente, disse à agência France-Presse.

A expectativa é de que uma semana de trabalho mais curta possa atrair novos funcionários e reter os melhores no Reino Unido, onde o desemprego está no nível mais baixo em quase 50 anos, com um número recorde de vagas: 1,3 milhão, acima do número de candidatos.

E em Portugal?

Uma das propostas de alteração aprovadas na discussão do Orçamento do Estado para este ano foi precisamente sobre este tema: após alterações substanciais à proposta inicial, o deputado único do Livre, Rui Tavares, viu aprovado um estudo do impacto da semana de quatro dias.

Na votação na especialidade, no parlamento, a proposta apresentada pelo deputado único do Livre mereceu os votos favoráveis de PS, PAN e BE, a abstenção do PCP e os votos contra de PSD, Iniciativa Liberal e Chega. O deputado Rui Tavares não votou a sua proposta uma vez que não integra a Comissão de Orçamento e Finanças.

A iniciativa aprovada prevê que "o Governo promove o estudo e a construção de um programa piloto que vise analisar e testar novos modelos de organização do trabalho, incluindo a semana de quatro dias em diferentes setores e o uso de modelos híbridos de trabalho presencial e teletrabalho".

E refere também que o executivo deverá promover "um amplo debate nacional e na concertação social sobre novos modelos de organização do trabalho, incluindo a semana de trabalho de quatro dias, como forma de promover uma maior conciliação entre o trabalho e a vida pessoal e familiar".

O governo, de resto, já fez saber que está em curso um estudo sobre semana dos quatro dias, que vai ser desenvolvido em articulação com parceiros sociais.

A ministra do Trabalho Ana Mendes Godinho confirmou este intuito do executivo na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros decorrido no dia 2 de junho.

“Este estudo será desenvolvido em sede de Concertação Social”, disse a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social no final do Conselho de Ministros, acentuando que será através desse estudo que serão “identificados os requisitos e condições” para os projetos-piloto que, precisou “serão de adesão voluntária” por parte das empresas.

Ana Mendes Godinho disse também que desde que a semana dos quatro dias entrou na ordem do dia “várias empresas” lhe manifestaram já a sua disponibilidade para integrar os projetos-piloto.

Na proposta inicial, o Livre propunha que o Governo promovesse “o estudo e a construção de um programa que visa testar a semana de 30 horas de trabalho por semana, em 04 dias de trabalho, a implementar a partir de 2023 e ao longo de três anos, num conjunto de até 100 empresas nacionais que nele se inscrevam”.

No entanto, o partido substituiu essa iniciativa por aquela que foi então aprovada.