“Como consequência direta destas reduções e da aceitação das mesmas, os portugueses vão ter em 2021 menos pescado fresco das nossas águas à sua disposição capturado pela nossa frota, que será naturalmente substituído por pescado vindo de outras águas, capturado por frotas industriais bem mais destruidoras e desrespeitadoras de boas práticas ambientais do que as nossas frotas costeiras”, apontou, em comunicado, a Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (ANOP Cerco).

Para a associação é assim “difícil” encontrar motivos de contentamento para Portugal, decorrentes do último Conselho Europeu das Pescas.

Na última reunião, o conselho determinou a redução de quotas “em quase todas as espécies importantes para a nossa pesca costeira”, à exceção do carapau (+6%) e do biqueirão (+53% na quota nacional).

A quota da sardinha, por seu turno, continua em aberto, até ao primeiro semestre do próximo ano, tendo em conta que a sua gestão é da responsabilidade de Portugal e de Espanha.

A ANOP Cerco sublinhou que as afirmações de que o país teve “um bom desempenho” e de que foi possível “melhorar as oportunidades de pesca propostas inicialmente” não tranquiliza ou satisfaz o setor.

No documento, a associação lembrou ainda que os últimos dados científicos para esta espécie revelam uma “excecional realidade” em águas ibéricas.

“O nosso receio é que, a prevalecer a atual corrente dominante contra a atividade social e económica da pesca que é também protagonizada pela própria Comissão Europeia, nos arrisquemos a transformar um merecido e justificado otimismo em mais uma grande desilusão para os pescadores nacionais”, lamentaram os produtores.

A ANOP Cerco sublinhou também que 2021 já está a ser condicionado pelas reduções da possibilidade de capturas, depois de um ano “terrível e cheio de adversidades” para o setor.