Esta posição foi assumida por Fernando Medina no final da terceira ronda de perguntas por parte dos deputados, após a sua intervenção na abertura do segundo e último dia de debate parlamentar da proposta do Governo na generalidade do Orçamento do Estado para 2023.

O deputado social-democrata João Barbosa de Melo desafiou o executivo socialista a assumir a sua opção de utilizar a “folga” orçamental resultante do acréscimo de receitas por causa da alta da inflação para baixar o défice e a dívida.

“Quer pagar a dívida aos credores e baixar o défice com o dinheiro que os portugueses de repente transferiram para o Estado por causa da inflação. Ora, essa opção tem efeitos contracionistas” na economia, advertiu João Barbosa de Melo.

Na resposta, o ministro das Finanças contrapôs que o executivo vai manter o défice no objetivo proposto para 2022, ou seja, 1,9%.

“Não vamos reduzir mais do que aquilo que nos tínhamos proposto, até podíamos tê-lo feito. O défice até poderia ter passado de 1,9% para 0,9” se não tivesse feito o pacote famílias primeiro. Mas essa foi a nossa opção e vamos terminar o ano com 1,9% de défice”, salientou.

De acordo com Fernando Medina, o Governo “não está a ir além do compromisso” de redução do défice.

“Estamos a devolver integralmente à economia a receita adicional que o Estado arrecadou resultante da inflação”, insistiu.
O titular da pasta das Finanças assinalou ainda que “toda a dívida implica uma transferência para os credores, mas o Governo faz isso na justa e conta medida de servir o país e de proteger o futuro dos portugueses”.