A AHRESP foi ouvida pela Comissão de Economia e Inovação e Turismo da Assembleia Municipal de Lisboa no âmbito da elaboração de um futuro relatório sobre a recuperação económica da cidade no pós-pandemia.

“Saímos de um momento difícil, apesar do esforço do município [Lisboa] e da administração central, que não foram suficientes. O impacto [pandemia] foi muito grande e ainda prevalece, e agora com novos problemas”, começou por referir aos deputados municipais o vice-presidente da AHRESP, Carlos Moura.

Segundo Carlos Moura, os empresários do setor da hotelaria e da restauração vêm-se atualmente confrontados com “dificuldades decorrentes, essencialmente, da inflação dos preços dos combustíveis e da energia, da escassez das matérias primas, sobretudo devido à guerra na Ucrânia, e também de recursos humanos disponíveis para trabalhar nesta área.

Relativamente à inflação, o vice-presidente da AHRESP lamentou que não hajam “medidas para que as empresas possam suportar este círculo inflacionista” e que “não se avizinhe uma inversão do problema”.

Além da questão da inflação, Carlos Moura apontou para os problemas de capital das empresas do setor e alertou para as dificuldades que existirão para as verbas de “recapitalização” previstas no âmbito do PRR (Plano Recuperação e Resiliência) chegarem ao “tecido industrial mais pequeno”.

“Serão, com certeza, precisos programas alternativos para ajudar as pequenas e médias empresas”, defendeu.

O responsável da AHRESP apontou também para as dificuldades em encontrar trabalhadores disponíveis para trabalhar no setor, ressalvando que “não se trata apenas de uma questão de baixos salários”, mas sim também “demográfico”.

“É um problema sério. Um organismo internacional [Conselho Mundial de Viagens e Turismo] chegou mesmo a referir há duas semanas que em Portugal há oferta de 85 mil postos de trabalho no turismo que não estão a ser correspondidos com força de trabalho. É um número impressionante”, apontou.

Para fazer face a este problema, Carlos Moura defendeu a necessidade de se apostar na “imigração organizada” e no recrutamento de profissionais “devidamente credenciados” e que vejam as suas necessidades resolvidas.

“Nós sabemos que há grupos económicos que se colocam num avião e vão recrutar diretamente no estrangeiro. Isto não devia ser assim. Isto devia ter um dossiê devidamente organizado. O fenómeno da imigração é muito mais extenso do que o mero exercício da profissão”, defendeu, apontando para questões ligadas à habitação e à integração familiar destes imigrantes no país.

Por seu turno, numa curta intervenção a secretária geral da AHRESP, Ana Jacinto, defendeu a necessidade de a Câmara Municipal de Lisboa manter determinados apoios municipais, como a isenção de taxas na ocupação de espaços públicos, e alertou para o “excesso de burocracia” no acesso a alguns programas de apoio.

“Nós temos aqui sinais de aumento de procura, mas as empresas estão totalmente sufocadas e descapitalizadas. Era importante haver aqui, da parte do município, este apoio que é muito importante para os empresários e também simplificar ao máximo o relacionamento entre o empresário e a autarquia”, acrescentou.