“Em comparação com a previsão de outono, as projeções de inflação foram revistas em alta, uma vez que os preços da energia deverão agora permanecer elevados por mais tempo e as pressões sobre os preços estão a alargar-se a várias categorias de bens e serviços”, afirma Bruxelas nas previsões macroeconómicas intercalares de inverno, hoje publicadas.

Falando em “pressões inflacionistas mais fortes do que o esperado” que “pesam sobre o poder de compra das famílias”, o executivo comunitário prevê, assim, uma inflação homóloga de 3,5% na zona euro este ano (quando anteriormente, nas previsões de outono, estimava 2,2%) e de 3,9% no conjunto da União Europeia (quando previa 2,5%).

“A inflação na zona euro deverá atingir o seu pico no primeiro trimestre de 2022 e manter-se acima dos 3% até ao terceiro trimestre do ano”, assinala a Comissão Europeia no documento.

Ainda assim, “à medida que as pressões das restrições de oferta e dos preços da energia se desvanecem, prevê-se que a inflação diminua acentuadamente no último trimestre do ano e se estabilize abaixo dos 2% no próximo ano”, acrescenta.

Assim, para 2023, a previsão é que a taxa de inflação homóloga baixe para os 1,7% este ano na zona euro (previa-se 1,4% aquando do outono) e aos 1,9% no conjunto dos 27 Estados-membros (que compara com a previsão anterior de 1,6%).

Segundo as previsões intercalares de inverno hoje conhecidas, a taxa de inflação em Portugal deverá subir de 0,9% em 2021 para 2,3% este ano, antes de moderar para 1,3%.

Relativamente a 2021, a Comissão Europeia prevê que a inflação se fixe nos 2,6% na zona euro e nos 2,9% na União Europeia (UE), estimativas que comparam com 2,4% e 2,6%, respetivamente, nas anteriores previsões macroeconómicas de outono.

“Após ter diminuído em média 0,3% no último trimestre de 2020, os preços da área do euro começaram a aumentar mais uma vez no ano passado, ganhando um forte impulso no último trimestre de 2021”, sendo que, em média, a inflação “foi de 4,6% no quarto trimestre, quase um ponto percentual acima do esperado no outono”, explica Bruxelas.

Por seu lado, no conjunto da UE, a taxa de inflação foi de 4,9% no último trimestre de 2021.

Retratando uma “dispersão entre os Estados-membros não pertencentes à área do euro”, a Comissão Europeia explica que, nesse último trimestre do ano passado, a inflação variou entre os 3,5% na Dinamarca a os 7,3% na Polónia, “principalmente devido ao impacto diferencial de inflação energética nos países da UE”.

A posição surge dias depois de o gabinete estatístico da UE, o Eurostat, ter divulgado que a taxa de inflação homóloga da zona euro registou 5,1% em janeiro deste ano, um novo recorde.

De acordo com o Eurostat, a tendência de subida de preços tem-se vindo a manter desde o segundo semestre de 2021, impulsionada principalmente pelo setor da energia.

O BCE tem como principal mandato a estabilidade dos preços, pelo que estabeleceu, em 2021, uma nova estratégia que contempla um objetivo de inflação de 2% a médio prazo.

A contribuir para a elevada inflação estão, de momento, os custos energéticos e os problemas nas cadeias de abastecimento globais, por questões como a tensão geopolítica mundial, numa altura em que a tensão entre a Rússia e a Ucrânia se intensifica e causa novas perturbações no fornecimento de gás russo à Europa.

A escalada dos preços da luz devido à subida no mercado do gás, à maior procura e à descida das temperaturas ameaça exacerbar a pobreza energética na Europa por causar dificuldades no pagamento das contas de aquecimento.