“Precisamos de uma reforma das instituições internacionais para que um país não possa fazer o que quer”, disse Zelensky numa intervenção telemática em direto na abertura do Fórum de Doha, que reúne líderes e estrategas políticos de todo o mundo para abordar as principais questões de preocupação no mundo.

Na sua mensagem, que não foi previamente anunciada aos participantes no Fórum de Doha, Zelensky perguntou à audiência que lições a comunidade internacional tinha aprendido com a agressão da Rússia contra o seu país, e respondeu ele próprio: “A conclusão é que todos os países precisam de armas nucleares para se poderem defender contra a invasão".

“A intimidação da Rússia com armas nucleares é uma ameaça para todo o planeta”, disse.

“Precisamos de mecanismos para assegurar que os países 28 vezes maiores (como a Rússia é em relação à Ucrânia) não possam fazer o que querem”, insistiu Zelensky, que apareceu com a sua habitual t-shirt verde.

Recordou a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014 e disse que aquele país “não foi castigado na altura pelo que fez”.

“Precisamos de assegurar que as capacidades nucleares de um país não sejam utilizadas para cometer injustiça contra outras nações”, insistiu o governante ucraniano que, apesar das sanções impostas pela comunidade internacional, assegurou que “a Rússia ainda não foi punida pelo que fez na Ucrânia”.

Zelensky disse que “nenhum país pode utilizar a energia como arma para chantagear o mundo”, enquanto apelava para que os anfitriões do fórum, as autoridades do Qatar, aumentem a produção de petróleo e gás.

“Estados responsáveis como o Qatar são fiáveis e firmes na exportação dos seus recursos e podem contribuir para a estabilidade na Europa (…) Apelo a que aumentem a produção de energia”, disse.

O presidente ucraniano também apelou para a “criação conjunta de uma coligação contra a guerra” e, recordando que há muitos muçulmanos a viver em cidades ucranianas, como Mariupol, disse que se deveria “assegurar que este mês sagrado do Ramadão não seja um mês de miséria e dor para o povo da Ucrânia por causa da devastação das nossas cidades”.

Em relação a Mariupol, a cidade do sul da Ucrânia sitiada pelas forças russas, comparou a sua situação com Alepo, a cidade síria que foi dizimada na guerra daquele país, e disse que as tropas invasoras não estão a permitir que a população saia ou que entrem provisões alimentares.

“Temos de proteger a ordem internacional não apenas pela Ucrânia, mas começando pelo Afeganistão, Síria, Iémen e Somália, para todos os povos do mundo. Pela paz”.