O Presidente da Ucrânia fará uma intervenção por videoconferência no parlamento português, numa sessão solene com altas entidades do Estado e representantes da comunidade ucraniana nas galerias, mas sem a presença dos seis deputados do PCP.

A sessão solene de boas-vindas a Volodymyr Zelensky está marcada para as 17:00 e o discurso terá tradução simultânea: quem estiver presente na Sala das Sessões ouvirá a voz do Presidente ucraniano, com o som da tradução em português por cima, sem recurso a auriculares.

Comparando com outras sessões solenes - como a do 25 de Abril - esta será mais sóbria, sem honras militares, e com menos convidados.

Além do Presidente da República, presidente do parlamento, primeiro-ministro, presidentes dos principais tribunais, antigos chefes de Estado, deputados, eurodeputados, estão também incluídos nos convites outras altas entidades do Estado, como a procuradora-geral da República, a provedora de Justiça, os chefes do Estado-Maior-General das Forças Armadas e dos três ramos, bem como representantes da República para as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira ou os presidentes dos Governos Regionais, entre outros.

Fonte governamental disse à Lusa que, além de António Costa, marcarão presença na sessão a ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, e o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Francisco André, em representação do ministro João Gomes Cravinho, que está com covid-19.

Para esta cerimónia em concreto, foram ainda dirigidos convites à embaixadora da Ucrânia e outros representantes da comunidade ucraniana em Portugal, como membros de associações e de escolas, bem como representantes de entidades religiosas da comunidade ucraniana em Portugal.

De entre as forças políticas com representação parlamentar, o PCP anunciou na quinta-feira que o partido não vai marcar presença numa sessão "concebida para dar palco à instigação da escalada da guerra, contrária à construção do caminho para a paz, com a participação de alguém como Volodymyr Zelensky, que personifica o poder xenófobo e belicista, rodeado e sustentado por forças de cariz fascista e neonazi, incluindo de caráter paramilitar, de que o chamado Batalhão Azov é exemplo".

Esta será a primeira vez que um chefe de Estado estrangeiro discursa na Assembleia da República por videoconferência, a intervenção de Zelensky constituirá também um marco nas relações bilaterais entre Portugal e a Ucrânia, cujos contactos ao mais alto nível têm sido escassos desde a dissolução da União Soviética e subsequente independência ucraniana, em 1991.

Nos 31 anos que decorreram desde então, nunca nenhum Presidente da República português fez uma visita de Estado à Ucrânia. Em sentido contrário, a última visita de um chefe de Estado ucraniano a Portugal foi em dezembro de 2017, com a deslocação de um dia de Petro Poroshenko a Lisboa, onde se encontrou com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, António Costa, e o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues.

A ideia de a Assembleia da República promover uma sessão parlamentar por videoconferência com o Presidente da Ucrânia partiu do PAN e foi aprovada por maioria, apenas com a oposição do PCP.