As inundações sem precedentes do Paquistão, atribuídas às alterações climáticas pela ONU, já fizeram quase oito milhões de deslocados, numa crise cujo alívio depende de ajuda internacional urgente.

A UNICEF estima que cerca de dez milhões de crianças precisam de ajuda imediata para sobreviver neste momento, um número “assombroso” que demonstra a “esmagadora escala de necessidades pela qual a população está a passar”, numa tragédia que se agravará ainda mais com a chegada do inverno.

A agência da ONU também estima que cerca de 520 mil crianças no país sofrem de desnutrição aguda grave e precisam de tratamento imediato num país onde, antes desta tragédia, a taxa média do atraso de crescimento de crianças menores de cinco anos já era de 50% nos distritos afetados.

A organização também lamenta que os danos aos sistemas de abastecimento de água e instalações de saneamento tenham deixado 5,5 milhões de pessoas sem acesso a água potável, expondo a população a doenças mortais como cólera, diarreia, dengue e malária.

Até agora, a UNICEF entregou ajuda humanitária no valor de 10 milhões de euros, e transportou mais de 145 toneladas métricas de bens para o país, incluindo 820.000 comprimidos para o paludismo no último fim de semana.

Além disso, estabeleceu 86 unidades móveis de saúde e 226 escolas temporárias para ajudar as crianças a lidar com traumas e retomar a sua rotina educacional.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, elevou hoje o seu apelo por ajuda financeira para o Paquistão, para 816 milhões de dólares (835 milhões de euros), e alertou que o país poderá sofrer um surto de cólera, paludismo e dengue.

Numa reunião na Assembleia-Geral das Nações Unidas com o objetivo de adotar medidas face às inundações sem precedentes no Paquistão, António Guterres indicou que o país “está à beira de um desastre de saúde pública” e que o povo paquistanês está a ser vítima de injustiça climática.