Esta questão, entre outras, será uma das prioridades que irão constar do Plano de Orientação Estratégica para os próximos quatros da União Europeia de Cegos que será discutido e votado na sua 12.ª Assembleia Geral, que decorre entre hoje e quarta-feira em Lisboa.

A União Europeia de Cegos é uma organização que congrega associações representativas das pessoas com deficiência visual de 41 países e que, de quatro em quatro anos, faz a sua Assembleia Geral, na qual define o plano estratégico para os próximos quatro anos, disse o presidente da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), anfitriã da reunião.

Segundo Rodrigo Santos, o plano definirá as prioridades e os interesses mais pertinentes das pessoas com deficiência visual, não só no espaço da União Europeia, mas em todos os países europeus.

“É o local por excelência para tomarmos o pulso de como estão os problemas que afetam as pessoas com deficiência visual a nível de toda a Europa e, ao mesmo tempo, para perspetivarmos como vão ser os próximos anos e quais vão ser os principais temas de debate e de discussão com relevância para as pessoas com deficiência visual em toda a Europa”, salientou.

Rodrigo Santos avançou à Lusa que “o plano vai focar-se muito nas vertentes da acessibilidade como direito fundamental, que inclui a acessibilidade aos espaços físicos”, aos transportes e às tecnologias de informação e comunicação, que continua a ser “um dos maiores obstáculos ao exercício de todos os direitos”.

“A acessibilidade é a condição de exercício de muitos direitos. Ninguém pode emitir opiniões se não tem acesso a informação, ninguém pode dizer que é inteiramente livre se não puder decidir, deslocar-se onde quiser, como quiser e quando quiser”, defendeu.

Segundo o responsável, existe também “uma grande preocupação” com o papel que a inteligência artificial pode vir a desempenhar e o impacto que “tem no caso das pessoas com deficiência visual, quer ao nível do emprego, quer ao nível da participação na vida em sociedade e também, naturalmente, ao nível da acessibilidade a todos os produtos e serviços”.

Disse ainda também constituir “uma grande preocupação” o financiamento e a sustentabilidade das organizações que trabalham as questões das pessoas com deficiência visual e que “muitas vezes e em muitos países são vistos quase como o parente pobre desta representação”.

“É afirmarmos cada vez mais um caminho no sentido da plena cidadania e reiterarmos sempre e cada vez mais a frase que nos orienta nestas matérias da representação de interesses: Nada sobre nós, sem nós”.

“Ou seja, tudo o que tem relevância para as pessoas com deficiência visual e que é, no fundo, não só aquilo que diz respeito diretamente às pessoas com deficiência visual, mas também tudo o que os afeta como membros de uma sociedade, deve ser decidido connosco e também tendo em conta os nossos interesses”, salientou.

A par do evento, está a decorrer até quarta-feira uma exposição de equipamentos e de serviços, destinados a colmatar as falhas sobretudo de acessibilidade e outras que afetam as pessoas com deficiência visual.