Várias explosões foram detetadas num prédio do governo no centro de Tiraspol, avançou o Centro de Imprensa do Ministério do Interior da Transnístria, por volta das 17:00 (15:00 em Lisboa).

Numa publicação na plataforma Telegram, o centro disse que as primeiras investigações sugerem que os tiros foram disparados de um lançador de foguetes, sem causar feridos ou mortos.

O Gabinete de Reintegração, dependente do Governo da Moldávia, mostrou-se preocupado com o ocorrido e fez um "pedido à calma" ao mesmo tempo que confirmou que está a investigar o incidente.

No entanto, o gabinete disse que o objetivo do alegado ataque é "criar pretextos para agravar a situação de segurança na região da Transnístria", segundo a agência russa Interfax.

Os serviços de inteligência militar ucranianos disseram ter intercetado um documento que prova que as autoridades da Transnístria estavam a preparar um aparente “ataque com granada” há pelo menos três dias.

O incidente faz parte de “uma série de medidas de provocação” organizadas pelo Serviço Federal de Segurança da Rússia para "semear o pânico e o sentimento anti-ucraniano", disse o Ministério da Defesa ucraniano no Telegram.

Na sexta-feira, o comandante adjunto das forças do Distrito militar do Centro da Rússia, o general Rustam Minnekaiev, disse que o país quer controlar o sul da Ucrânia, além do leste, não só para estabelecer um corredor terrestre a partir do Donbass até à Crimeia, mas também para criar um ponto de acesso à Transnístria.

A Moldova alcançou a independência no início dos anos 1990, com o colapso da União Soviética, mas as tropas da Rússia estabelecidas numa franja do território, com menos de meio milhão de habitantes, conhecida como Transnístria, opuseram-se às autoridades moldavas e estabeleceram um novo estado independente e declararam uma república de facto.

A Transnístria não é reconhecida internacionalmente como país, mas continua a existir como entidade separada da Moldova.

Calcula-se que um contingente de cerca de dois mil soldados russos se mantém permanentemente na Transnístria.

Tiraspol encontra-se a apenas uma centena de quilómetros do porto ucraniano de Odessa, um dos objetivos da atual campanha do Kremlin.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A guerra causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, das quais mais de 5,16 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU – a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).