O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que estavam a ocorrer "ferozes combates" e o governador da região de Kharkiv, Oleg Sinegubov, disse que "todas as áreas da fronteira norte estão sob fogo inimigo quase 24 horas por dia".

O Ministério da Defesa russo, que no sábado reivindicou a tomada de cinco povoações da região, anunciou neste domingo a conquista de outras quatro cidades muito próximas de sua fronteira: Gatiche, Krasnoye, Morokhovets e Oleynikovo.

Apesar dos avanços, o presidente russo, Vladimir Putin, emitiu um decreto à noite para remover o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, do seu cargo, designando-o agora como secretário do Conselho de Segurança.

Espera-se que a remodelação da cúpula militar russa seja aprovada esta terça-feira pelo Parlamento russo. Como substituto de Shoigu à frente do Ministério da Defesa, Putin propôs Andrei Belousov, que não tem experiência militar e foi um dos conselheiros económicos mais influentes do presidente durante a última década.

Na Ucrânia, a procuradoria local informou que quatro civis morreram na região de Kharkiv devido à atual ofensiva russa.

O governador Sinegubov indicou que, nos últimos dias, cerca de 6.000 pessoas foram removidas da área de Vovchansk, uma cidade na fronteira onde Zelensky descreveu a situação como "extremamente complicada".

Desde sexta-feira que as forças russas têm avançado nesta área —a mesma que já tinham invadido em 2022 e da qual foram posteriormente expulsas no mesmo ano.

A AFP viu pessoas serem removidas perto de Vovchansk no domingo, a maioria idosos e desorientados.

"Não estávamos prontos para partir. A nossa casa é a nossa casa", declarou Liuda Zelenskaia, de 72 anos, com o seu gato nos braços. Assim como ela, Liuba Konovalova, de 70 anos, recorda a "noite assustadora" antes de deixar a sua cidade.

Perto de Vovchansk, voluntários atendiam cidadãos evacuados que esperavam para registar-se e receber refeições antes de partir para a cidade de Kharkiv.

"A cidade está constantemente sob ataque", afirmou Oleksii Jarkivski, um agente da polícia mobilizado para essas remoções. As autoridades estimam que ainda restam 500 civis na cidade.

Volodimir Timoshko, chefe da polícia da região de Kharkiv, declarou por sua vez que Vovchansk estava a ser atacada por três frentes e que as tropas russas estavam na sua periferia.

"Apesar dos combates ativos, a polícia continua a evacuar a cidade, removendo as pessoas que atualmente vivem a 300 ou 500 metros da linha de contato", disse à AFP.

Por sua vez, a cidade de Kharkiv "está calma, não vemos pessoas a sair", indicou o seu autarca, Igor Terejov, citado pelo conselho municipal.

"As tentativas de romper as nossas defesas foram detidas", garantiu o comandante em chefe das forças ucranianas, Oleksandr Syrsky, que admitiu, porém, que a situação tinha "deteriorado significativamente". As forças ucranianas "estão a fazer todos os possíveis para manter as suas linhas de defesa e infligir danos ao inimigo", declarou.

Zelensky indicou no sábado à noite que as tropas do seu país tinham lançado contra-ataques em povoações da área. "Alterar os planos de ofensiva russos é agora a nossa principal tarefa", disse, estimulando os países aliados a acelerar o envio de armas.

As autoridades de Kiev já vinham a alertar há semanas que Moscovo poderia tentar atacar as regiões fronteiriças do nordeste, enquanto a Ucrânia ainda aguarda a chegada de ajuda ocidental e sofre com a escassez de soldados. Os Estados Unidos anunciaram um novo pacote de ajuda militar de 400 milhões de dólares para Kiev horas depois do início da nova operação russa.

Da sua parte, as forças ucranianas estão intensificar os seus ataques na Rússia e nas áreas da Ucrânia ocupadas por Moscovo, sobretudo contra infraestruturas energéticas.

Oito pessoas morreram neste domingo com um desabamento parcial de um prédio em Belgorod, perto da fronteira, após um ataque ucraniano, segundo o Ministério russo de Situações de Emergência. Cerca de 20 pessoas ficaram feridas.