O relatório “Golfinhos no Tejo — Por um estuário mais saudável”, da organização não-governamental Associação Natureza Portugal/World Wide Fund for NAture (ANP|WWF), apresentado em Lisboa, salienta que o estuário do Tejo, um dos maiores da Europa e o mais ameaçado a nível nacional, registou melhorias de qualidade ambiental nos últimos 30 anos devido à diminuição da poluição, nomeadamente pelo tratamento das águas residuais e redução de industrias poluentes, o que permitiu o aumento da abundância de várias espécies de peixe, a recuperação de habitats e, em consequência, o regresso dos golfinhos.

Porém, num debate realizado na biblioteca de Alcântara, as autoras destacaram que a pressão das atividades humanas que se verificam na zona ainda pode deitar tudo a perder e consideraram que não é defensável que, quando se está a tentar melhorar o equilíbrio do estuário, se pense em simultâneo na construção de um aeroporto no Montijo.

Segundo Ângela Morgado, diretora executiva da ANP/WWF, o sistema do estuário é “altamente complexo e dinâmico”, pelo que, “para compreender as visitas dos golfinhos”, é necessário “conhecer primeiro o estuário e as várias fontes de pressão ambiental a que está sujeito”, nomeadamente devido às atividades humanas, “e definir ações efetivas para minimizar esses impactos, melhorar a sua saúde e permitir que as visitas dos golfinhos continuem”.

Para isso, o primeiro estudo que pretende compreender o estado do estuário do Tejo recomenda a criação de uma Comissão de Acompanhamento do Estuário do Tejo, com base na Área Metropolitana de Lisboa, que “inclua todos os ‘stakeholders’ relevantes”, entre os quais comunidade científica, setores de atividades locais, Governo e municípios.

Da parte do Governo, o secretário de Estado da Conservação da Natureza e Floresta, João Paulo Catarino, presente na sessão de abertura, já disse que via com bons olhos a criação desta comissão e a inclusão dos municípios na tomada de decisões, numa altura em que o executivo está a descentralizar competências para as autarquias.

O estudo, realizado pela ANP|WWF, conta com apoio da Fundação Oceano Azul, em parceria com investigadores do MARE-ULisboa e MARE-ISPA e o financiamento da plataforma Probably Better Now, da Carlsberg.